7º Dia-Em São Jorge, Timelapse e filosodias de pedal….

Hoje (2015), com 31 anos de idade, às vezes me recordo de quando era criança. Lá pelos 6 ou 7 anos de idade. Na época, acompanhava meus pais naquelas festas chatas de adulto. Enquanto eles se socializavam, a imaginação fluía muito nas brincadeiras com outras crianças. De astronauta viajante das galáxias, tornava-me facilmente um explorador ao estilo “Indiana Jones” ou mesmo um super herói invencível e indestrutível.

Algumas vezes, acabava parando para observar o mundo em volta com um ar mais racional e reparava naquelas conversas meio sem sentido daquelas pessoas mais velhas. Falavam de dinheiro, carro, política e mais um monte de coisa, definitivamente: CHATA!
Me perguntava onde estava a graça daquilo….E terminava a reflexão sempre na mesma conclusão: “não quero me tornar um adulto!”
Imagine só…eu teria que deixar de ser um aventureiro nato para ficar sentado em uma mesa, bebendo, comendo e falando de coisas extremamente monótonas, sem graça e sem emoção alguma?!
Cresci.

O gosto pela bicicleta sempre esteve presente. Antes nos passeios em parques, depois em corridas de BMX e mais tarde, quando já não cabia na “crosszinha”, no Mountain Bike. 
No meio dos tempos de faculdade, em meados dos anos 2000, um pouco desgostoso dos rumos que a vida tomava, fui a Pirenópolis para curtir um pouco a cidade (local bom para colocar as idéias em ordem). 
Em determinado dia a noite, avisto dois malucos de bicicleta chegando ali onde funcionava o bar “Woodstock”, ao lado da ponte de madeira.
Os caras estavam meio desfalecidos e com um sorriso invejável na cara. A expressão deles não enganava. Era justamente aquela de “dever cumprido” que sempre temos no final das cicloviagens.
Aproximei-me e era ninguém menos que Nilsinho e Otaniel.
Já conhecia os dois de alguns pedais bem esporádicos na Serra das Areias. Quando perguntei que trilha haviam feito, logo disseram com todo o orgulho do mundo: estamos chegando de Goiânia. 

Não há como negar que me veio um grande sentimento de alegria e realização no peito. “Como assim? Gente mais velha do que eu? Adultos? Com família e tudo mais, encarando uma aventura dessas?”

Ali, naquele momento. achei uma das respostas que buscava. Sim, é possível ser ADULTO, sem ser VELHO. Já até falamos disso aqui em outro relato. E essa é uma das filosofias que nos move nas jornadas dos Seriemas. 
Como já citado por um grande ciclista de renome: “It’s not about the bike” (Não tem a ver com a bicicleta). De fato, é show ver e andar com bicicletas leves. De carbono. Aro 29. Etc… Mas a filosofia que fica enraizada nos Seriemas vai muito além das bicicletas. É algo que extrapola essa filosofia atual de esporte sustentável.

A verdade, é que em cima das bicicletas, nos tornamos “meninos com alvará de homem”. Pulamos pedras. Às vezes erramos. Caimos. Nos ralamos e nos machucamos. Mas…como crianças, levantamos, sacudimos a poeira e lá estamos em cima das magrelas de novo.
Nossas aventuras de cicloviagens são hoje, nada mais que o sonho que tínhamos quando éramos crianças e explorávamos os terrenos baldios vizinhos das nossas casas. É inacreditável as situações pelas quais passamos e que sempre levamos para nossa vida. Uma verdadeira escola quando estamos isolados de todas as formas no meio do mato.

Enfim….resumindo: VIDA LONGA AOS SERIEMAS E À NOSSA FILOSOFIA!!!!
E aqui vai um videozinho em “timelapse” compliando as fotos feitas pelo Tobias e mais abaixo, as fotos da nossa curtição lá no Parque da Chapada dos Veadeiros, localizado nos arredores da Vila de São Jorge. 
Goiânia-São Jorge 2015-6º Dia

Dia raiando no rancho do Sr. Irineu. Lá fomos nós acordar e arrumar as tralhas para tentarmos alcançar a Vila de São Jorge. Os desafios do dia seriam alguns rios e diversas subidas para chegar na Vila.
Uma das problemáticas do dia que Sr. Irineu nos informou, seria a travessia de diversos rios, que, com o tardar das chuvas, estavam muito cheios e com as corredeiras fortes. Apesar disso, nos contou também que a prefeitura havia melhorado o acesso até a casa da Dona Celiana, que havia nos acolhido na outra viagem.
Com algumas garupas (e pernas) avariadas, alguns colegas acharam por bem deixarem as garupas e os alforges com o Senhor Irineu, que se encarregaria de levá-los até o nosso destino final.
Depois do “pretinho básico” e algumas bolachas Mabel e de água e sal, partimos firmes e, de cara, já nos deparamos com belíssimos locais.

Na travessia do rio Tocantinzinho, após algumas chamadas, nos aparece uma senhora e já toma conta de nossa travessia.

E dá-lhe pés de serra, já que estávamos completamente imersos na região da Chapada dos Veadeiros.
Pegamos alguns trechos de mato mais fechado exigindo que usássemos caneleiras para evitar picadas de cobra.

Travessias de rio com algo parecido com um teleférico #SQN…hehe

Após mais um tanto de pedal, já eram 11 horas e chegamos na casa da Dona Celiana, Muito infelizmente, não havia ninguém em casa. Deixamos um cartãozinho de recordação por baixo da porta e paramos no próximo riacho. Era hora de usarmos nossos mantimentos e os fogões.
Ali, posso dizer que foi o melhor rango de todos. Na beira do rio. Enquanto Auriam e outros amigos faziam a bóia, alguns de nós tratamos de achar alguns lindos cristais na beira do rio.

Barriga cheia, pé na areia….digo…pé na serra! Bora subir!!!

E depois de mais e mais subidas, a parada estratégica para um revigorante “banho de corgo”. Até o Romar esboçou outro sorriso (foi o segundo da viagem!)

E lá fomos nós, rumo ao fim de estradas pequenas para chegarmos na estrada principal rumo a São Jorge.
Ali, colhemos os frutos de uma viagem sem o termo “TEM QUE CHEGAR”.

Aproveitamos tanto os momentos relax, que a fadiga não havia nos matado como das outras vezes. E…..CHEGAMOS!
Devidamente recebidos pelo Sr. Irineu e, obviamente, seguimos direto para o Seu Claro para podermos curtir São Jorge.

Em resumo: FOI TOP!!

Por Gustavo Johni Bravo “Mudin”

Causo do mudinho:
E para finalizar, eis que replico o causo contado pelo próprio Sr. Irineu.
Tem um vizinho dele que tem o tal apelido de Mudinho (sim, foi daí que veio esse maldito apelido para minha pessoa!). 
Diz Sr. Irineu que tinha uma obra ali perto da roça dele onde haviam vários peões esperando Sr. João. 
Junto aos peões, estava um menino novo. 
Quando o tal Sr. João apontou no horizonte, ele gritou aos peões: 
“-Aí vem o Mudinho!”. 
Diz que os peões tudo ficaram cabreiros, bem incomodados por terem que trabalhar com um mudo. Afinal de contas, nem a tal língua de sinais eles sabiam. 
Eis que chega o tal do “João Mudinho” perto deles falando pelos cotovelos e conversando mais que o homem da cobra!
É…no interior tem dessas coisas….

Goiânia-São Jorge 2015-5º Dia

Depois de toda aquela cisma do dia anterior, levantamos foi muuuuuito rápido e beeemmm de madrugadinha. Os despertadores (que estavam ligados para 5 horas) nem começaram a despertar e já tinha gente arrumando as coisas nas barracas. Nos despedimos do anfitrião e colocamos o pedal na estrada. 
Como a região já faz parte da Chapada dos Veadeiros, uma coisa era certa: belííííííssimas paisagens nos esperavam. O relato de hoje, então, vai ser mais por imagens do que por palavras!
Ali, os amigos novatos de primeira viagem ficaram totalmente deslumbrados com o que estavam vendo. O dia raiara com um pouco de neblina, fazendo o visual ficar digno de pinturas de quadro. 

Andamos alguns quilômetros e já chegamos no primeiro grande desafio do dia: a subida do Espinhaço do Chicão. Pista bem conhecida pelas pessoas da região. E dá-le força nos pedais para tentarmos zerar a subida. 

Como é de praxe, lá em cima, a recompensa foi certa. 

Tratamos logo de seguir adiante pois o segundo desafio do dia estava em frente: a famosa descida do Sr. Alfredo, em que teríamos de fazer empurrando as bikes desfiladeiro abaixo. Como da primeira vez, foi duríssimo. Cronometramos e foram mais de 1 hora e meia descendo. 

Lá em baixo, terminamos a fazenda do Sr. João, que infelizmente não estava mais pela região. 

Abastacemos as caramanholas e seguimos até o próximo povoado para podermos fazer nossa refeição.
No caminho, parada estratégica para “banhar no corgo”. 
Chegando na cidadezinha, topamos de cara com Sr. Irineu, que na viagem de 2013 havia nos acolhido extremamente bem. Ficou muuuuito feliz em nos ver e já exigiu: “-O Pouso hoje será, novamente, em minha casa!” – Ordem dada! Ordem cumprida! Aproveitamos para mandar umas caixinhas de cevada com ele na caminhonete para podermos desfrutar quando chegássemos. 
E depois de tanta força, o almoço foi top, com direito a sinuquinha e uma vista para lá de privilegiada!

Logo na saída, pegamos uma chuva torrencial. Muito forte mesmo. Com a barriga cheia, o ritmo foi lá pra baixo. Na primeira descida, Fernando Pombão trata de entrar numa vala muito grande e toma a primeira grande queda da viagem. Digna de ralado nas costas e braço. 
Chegamos ao Sr. Irineu e a recepção foi topíssima. 
Registra-se: o Jão deu um pau no Derúbio na chegadinha do Sr. Irineu. 
Subimos num alto e já tratamos logo de falarmos com as Seriemetes, dizendo que estava tudo bem. 
O causo do “alforge cismado”:

Depois de sairmos da pequena cidade onde havíamos almoçado, continuamos em região bem acidentada. Subimos e descemos muito. Determinado momento, Romar vira para nós e fala: “-Engraçado….tô me sentindo forte. Parece até que a bicicleta tá mais leve”. Nisso, vem outro Seriema lá de trás gritando: “Ouuuu Barrigudo! Olha pra trás!”
Olhamos.
E estavam todas as roupas e objetos dele espalhados pela trilha. 
O alforge havia rasgado e ninguém havia se dado conta. 
Não é hoje que o Romar estava, realmente, mais forte. 





Rumo à São Jorge 2015-4º Dia

Amanheceu no Nem. Tratamos de arrumar as malas bem rapidinho pois pela vista em volta, sabíamos que muitas montanhas no aguardavam. Tomamos um “pretinho” básico cuidadosamente feito pelo nosso anfitrião e seguimos viagem. Já na saída, em região de vale cercada de morros, não havia como escapar de uma altimetria pesada.

Seguimos firmes e confiantes adiante. Como sempre em nosso esporte, quanto mais dura a subida, maior a recompensa ao final: 

Passado o primeiro trecho de serras, percorremos caminhos que margeavam um grande rio. INfelizmente, nesses locais a água não tem muito para onde escorrer. O desafio do dia então foi tirar muuuuuuuuuuuuita lama da nossa relação. 
Era tanta lama, mas tanta lama, que em alguns trechos não havia nada o que fazer, a não ser empurrar, para podermos poupar nossas relações e, principalmente, as gancheiras dos câmbios (uma das partes mais frágeis das bicicletas).
E dá-lhe subida. É incrível as diversas regiões que esse tipo de viagem nos proporciona. É incrível também, estarmos ali entregues, de corpo e alma a uma viagem como esta. Os registros fotográficos bem que tentam, mas nada como estar ali para poder saber como é. 
Ao final de tanta labuta, adentramos em um planalto bem grande, formado por lavouras. Era incrível que ali naquele alto, havia tanta divergência entre o local onde estávamos (montanhas) e o local para onde estávamos indo (plano de lavoura). Havia até uma represa na região. 
Aceleramos forte para podermos chegar até a próxima pequena cidade onde faríamos nosso almoço. Daqui, uma parte do grupo foi na frente para poder agilizar o almoço da galera.
Chegando lá, tivemos a excelente recepção de sempre. Entregamos nossos cartões para o pessoal que havia nos acolhido dali da última vez que passamos. Mais uma vez, servidos de excelente culinária local, além de muuuuuita coca-cola e uma meia dúzia de Antárcticas para abrir o apetite. De cara, compramos alguns quilos de carne e pedimos para que a dona do restaurante deixasse-a congelando até a nossa saída. 

Fim de almoço pegamos nossa carne congelada e seguimos adiante até o fim dos locais das plantações para podermos, de fato, entrarmos no começo do que de fato era a região da Chapada dos Veadeiros. 
Como já estávamos em região bem alta, foi hora de começarmos a descer. 
Já estava ficando no final da tarde. Decidimos começar a procurar o pouso. Chegamos a uma chácara onde havia um rapaz que cuidava de uma fazenda e disponibilizou a área de maquinário agrícola para pousarmos. 
Armamos acampamento, ouvimos estórias (ou histórias) dos coroas Auriam e “Veldas”, juntamente com o Serralheiro sobre a época em que serviram o exército (conversas de velho…hehe). Muitas risadas relembrando as presepadas do dia.
Fomos jantar e quando achamos que a noite já tinha acabado…..eis que vem o tal “Causo da cisma da carne”
Causo da “cisma da carne”:

Assim que chegamos na casa, o Auriam entregou a tal carne congelada que havíamos comprado na hora do almoço. 
Voltamos para o local do acampamento e esperamos que o jantar ficasse pronto.
Conversamos fiado até que nos chamaram para o jantar. 
Logo nos acomodamos sem fazer muita algazarra e barulho (como fazemos de praxe) e quando abrimos a panela da carne….não era carne nada. Era só PÉ DE FRANGO! 
Os almofadinhas do seriema logo fizeram carinha de…..bem….carinha de nojinho!
Todos se entreolharam cismados. Um de nós chamou o dono da casa e perguntou se não seria feita a carne que havíamos levado.
O Senhor logo rebateu: 
“-Mas vocês me entregaram esses pés de frango e não carne!”
Nos entreolhamos e vimos que o terrível engano poderia ter acontecido quando pegamos a carne que estava sendo congelada durante nosso almoço. E, já que estávamos ali, o jeito foi mandar ver nos tais pés de galinha mesmo!
Sorte nossa que o dono ofereceu deliciosos queijos feitos na fazenda mesmo. 
Edit: O causo da carne foi devidamente 
editado por entender que expunha quem 
havia nos acolhido de braços abertos lá 
no meio da chapada. Erro nosso. 

Rumo à São Jorge 2015-3º Dia

Acordamos todos destruídos por conta dos “excelentes colchões” do resort que dormimos (SQN). Tratamos de arrumar logo as coisas e sequirmos em frente rumo ao próximo destino, para que pudéssemos tomar nosso café da manhã e fazer as compras para podermos encarar o “grosso” da viagem.
De fato, abençoados sempre por belas paisagens, mesmo nos pequenos trechos de asfalto:

Chegando na padaria, fomos recebidos com belos sorrisos da dona, que havia se recordado das nossas outras passagens pelo local. Fomos, como sempre, extremamente bem atendidos. Destruímos diversos pães de queijo e misto quente. Ali, um rapaz com parte do corpo paralisada se aproxima de alguns de nós e começa a contar que sofrera um grave acidente há pouco tempo e que uma das paixões dele era andar de bicicleta. Ficou vidrado quando soube o que estávamos planejando nesta viagem e se emocionou em saber o quanto nos dedicamos à nossa amada filosofia.

Antes de partirmos, eis que surge um parceiro top, com uma bike que será lançamento nos salões de bicicleta mundiais, utilizando tecnologia nunca jamais vista na face terrestre!!!!

Após pararmos em um pequeno supermercado para comprarmos panelas e mantimentos, seguimos adiante rumo às pirambeiras do dia. Acabamos ficando um pouco triste, vendo que provavelmente esta será a última viagem que pegaremos alguns trechos ainda em estrada de terra. Nos deparamos com diversas obras já em avançado estágio de implantação de asfalto. Mas mesmo assim, diversão a milhão!

Pequena pausa para resolver problemas técnicos (sim, acontece até nas melhores famílias….hehe–> leia-se: peduragem sem fim!)
Depois de uma porção boa de subidas, chegamos na pequena cidade onde iríamos almoçar. 
Nos estabelecemos, aproveitamos para lavar umas roupas e carregar nossos (muitos) brinquedos eletrônicos
Ali durante o almoço, vimos que nosso ritmo estava um tanto aquém do que esperávamos. Já estávamos um tanto cansados de termos pedalado dois dias distâncias tão grandes e com altimetrias bem acentuadas. A partir disso, apareceu de alguém do bando a mais sábia de todas as decisões: vamos “rasgar” os planos previamente feitos e vamos dormir onde estivermos. Nada de pressa nem de pressão para chegar. Aliviados, todos comemoraram pois, assim, poderíamos curtir ainda mais o passeio. 
Já na saída da pequena cidade, avistamos o que estaria por vir ao longo da tarde:
Para variar, mais um pneu furado do Serralheiro. 
Logo após 10 km andados, pegamos uma nova parte do percurso desenhado pelos “olhos do Seriema”: Andrézinho Perfect Man. Em mapa, pareceu ser um lugar belíssimo. Mas ao vivo….
Em determinado momento, entramos em uma fazenda. Fomos prontamente atendidos por dois senhores. Um que era dono da casa e outro que estava ali de passagem. Este segundo, disse que era caseiro em uma roça ali perto e nos convidou para acamparmos em seu quintal. Disse que havia apenas uma pequena Serra a ser atravessada. 
Passamos uma pequena área de atoleiro que demandou uma grande engenharia para atravessarmos:
Deparamo-nos logo com um “cocuruto” gigantesco no meio de uma área de pastagem, em que se subia só empurrando as bikes. 
Ao final da subida, como sempre, lá estava nosso troféu: belíssimas paisagens, tanto da casa onde havíamos conhecido o Nem (lááá´em baixo), quanto da paisagem do outro lado do morro, para onde estávamos indo. 
Até o Romar, que tem aquela simpatia peculiar, soltou diversas gargalhadas achando topíssimo toda aquela lambança de pedras!
Depois disso, foi uma sequência enorme de descidas muuuuuuuuito íngremes até chegarmos à casa do Nem. Batizamos todo aquele percurso de “Vale do Nem”. Passamos por um belíssimo rio com uma ponte que deu medo de passar em cima. 
E eis que chegamos, armamos acampamento e, depois de muita conversa fiada, nos deliciamos por um belíssimo jantar oferecido pelo anfitrião Nem!
Registro que ali, em conversa com Wellington-Waleska (por conta do popô avantajado), ele contou um pouco da sua emocionante história de vida. De como visa prover sua família de coisas boas e que, de certa forma, estava um pouco ressabeado de estar ali enquanto sua família estava em casa. Falamos prontamente que, com toda certeza do mundo, ele voltaria daquela viagem muito melhor do que foi. E que, a família iria colher bons frutos por conta de toda aquela presepada. 
Viagem de bicicleta tem dessas coisas….. 

O causo da “Subida do Burrão”:
Quando encontramos o tal Nem na primeira fazenda, que não era a dele, fomos logo perguntando se conseguiríamos fazer a tal subida com as bicicletas. Nem prontamente falou: “-Fiquem tranquilos, que de burrão sobe!”.
Auriam já falou rindo: “Se de burrão sobe, de bicicleta vai ser fácil!”
Para quem não sabe, na cidade grande a gente chama essas Hondas CGs (Titans) 125cc de “Burrão”.
Quando avistamos os gigantescos pedregulhos e a inclinação da subida, não acreditamos que uma moto pequena subiria por ali….
Enquanto fazíamos muuuuita força empurrando, eis que passa ao nosso lado, o Nem “pilotando” o seu “Burrão” que, de fato, era um burro mesmo! Desses animais com orelhas grandes que a gente pega o nome emprestado, pejorativamente.
E estava batizada a subida: “Subida do Burrão”!

Rumo à São Jorge 2015-2º Dia
Alvorada! Vitinho, que havia topado em nos acompanhar até o alto dos Pirineus, acordou já dizendo: “Não é possível que isto está acontecendo! Já não bastasse a presepada de ontem, a gente ainda acorda cedo pra encarar uma das maiores montanhas de Goiás?!”
E lá fomos nós, atrás de uma boa padaria para podermos forrar os estômagos antes da partida. Aquela dia, já de cara, teríamos a subida dos Pirineus para enfrentar, lembrando que, com as bikes pesando em torno de 35 kg carregadas!!. Então, anda mais prudente do que ter combustível para queimar. 
Após encontrarmos diversos membros do grupo Tarja Preta, pelos quais temos muita afinidade, seguimos até à padaria na saída da cidade para, mais uma vez, comermos MUITO!
Passamos rapidamente pelo pequeno trecho de asfalto e já pegamos a tal subidona. Poucos de nós não conhecia a subida. Auriam, de praxe, resolveu pegar a ponta. Infelizmente, os “puro sangue” Paulo Tapete e Derúbio, já deram um jeito de despachá-lo logo antes da primeira curva. O restante do bando seguiu bem prudente, haja vista que neste dia, havia muuuuito chão para percorrermos ainda. 
Depois de bastante suor, chegando lá em cima, Paulo Tapete já aguardava o restante da galera dando um cochilo….

 Auriam pede para registrar o momento de sua chegada em fotografia e pediu para esclarecer que o “brilho de suas pernas, tratava-se de suor que só os fortes possuem”. Ãrrã….
E lá no alto dos Pirineus, foi impossível não tirar alguns minutos para desfrutarmos uma das paisagens que é, de fato, nosso troféu dentre vários outros que viriam. Afinal, este é o espírito de uma cicloviagem Roots!

E viagem que segue. Passamos por outros cartões postais como o Morro do Cabeludo e depois, a descida rumo a Cocalzinho, onde já aproveitamos para fazermos um bom almoço.
E para quem acha que cicloviagem são só alegrias, eis aqui um momento um pouco tenso. Parte do grupo queria seguir por uma rota (que aumentaria um dia a mais na pré-programação e pegaria local desconhecido) enquanto outra parte, queria seguir a rota mais conhecida até Padre Bernardo. Momento de discussão e atrito. Porém, como bom grupo que se preze, colocamos as questões que envolviam cada uma das rotas e nos decidimos. De fato, momento de aprendizado para todo o grupo, que cresce a cada dia. Tanto em número de integrantes, quanto em maturidade. Afinal de contas, já são mais de 10 anos juntos…
Pegamos a estrada para Padre Bernardo. 
Momento tenso quando, no meio da estrada, adentramos em um assentamento. Diversas casas improvisadas em um grande acampamento ao longo da estrada. No momento em que estávamos passando, estava acontecendo um discurso de quem parecia ser o líder. Ficamos tensos não por receio de sermos violentados, mas por, de certa forma, estarmos adentrando território de conflito. De não estarmos respeitando aquele momento daquelas pessoas que têm lá seus ideias e suas batalhas. Passamos juntos e em silêncio. Tentando atrair, em vão, menos atenção possível.  

Viagem que se segue. Mais um pneu do Serralheiro furado (dentre os vários do dia anterior).
Chuva torrencial com direito a arco-íris no final (disseram que se ao invés de potes de ouro no final, tivesse uma caixa de Heineken, teria briga de Seriema para ver quem chegaria primeiro…)
Depois da chuva, de muitos carros nos passando por conta do fim da tal reunião do assentamento, foi hora de um por do sol maravilhoso…
Faróis ligados e vamos noite adentro até chegar no pequeno hotel que sempre nos acolheu em Padre Bernardo. Andrezinho ficou repetindo que faltavam 8 km por umas duas horas. Até que, quando faltava mesmo, ninguém acreditou!
Depois de muita pizza em um excelente estabelecimento na praça central, fomos todos repousar.
O causo do rato:

Estava eu lá, zapzapeando com o restante do bando do grupo que não estavam conosco para poder dar as devidas notícias daquele dia de empreitada, e eis que uma grande amiga mandou uma mensagem. Nela, dizia que estava sentada em um restaurante em Pirenópolis ao lado de diversos ciclistas. Eles comentaram sobre “um bando de malucos que haviam partido dali pela manhã e que estavam indo rumo ao Povoado de São Jorge.”. Eu confirmei que esses tais malucos existiam. E que eu estava junto deles!!!! hehe
Enquanto terminava de digitar, recebo a visita de um indesejado amiguinho no meu quarto. Um rato. Digo…..um GIGANTESCO rato! O tal bichinho adentrou no meu quarto sem pedir ao menos licença e rumou direto para as muambas do André Perfect. Levantei-me na hora. E não sabia se olhava para o rato a fim de ver se iria entrar dentro das nossas malas ou se saía do quarto para pedir ajuda. Acabei chamando os amigos lá de dentro mesmo. Um grito bem másculo. Mas foi um grito, claro!
Nenhum miserável fez nada além de rir demais da situação. Mandei todo mundo ir pro inferno e continuei na espreita. Porém, perdi o maldito rato do campo de visão. Não achei mais o infeliz! Eis que aparece Bruno Serralheiro munido de um rodo para a busca. Achou e exterminou o bichinho. 
Depois dessa presepada, o difícil foi ouvir o resto da viagem a galera zuando por conta do maldito….

Rumo à São Jorge 2015-1º Dia

Em tempos de “Strava” e “Pau de Selfie”, o Grupo de Pedal Seriema persiste em existir como um grupo que sabe quais suas origens e suas raízes. De fato, hoje os tempos são outros. Além do esporte ser muito mais popularizado do que quando começamos a existir há mais de 10 anos, as bicicletas surgem cada vez mais cheias de tecnologia, e temos centenas de novos equipamentos com o intuito de auxiliar a humanidade a alcançar seus objetivos. Entretanto, tentamos seguir nosso grupo de uma forma mais tradicional. Nada contra o apoio externo (que é muito bom)….mas o charme de nossas garupeiras cheira de tralha, é belíssimo de se ver!

E dentro desta filosofia, lá fomos nós mais um ano rumo à Vila de São Jorge numa ventura Offroad e Autônoma até aquelas bandas da Chapada dos Veadeiros. 
Se conseguiríamos chegar, não sabíamos no começo. Mas uma coisa é certa: voltaríamos com muitas histórias para contar.
Então…clipe as sapatilhas que aqui vamos nós!
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O relato se refere a sábado, dia 18 de abril de 2015. As mensagens do “zapzap” bombando, denunciaram que absolutamente ninguém havia conseguido pregar os olhos antes da viagem. O ponto de encontro fora o posto em frente ao Mc Donalds da T-63, em Goiânia, às 4 da manhã. Ali, pouco a pouco, a calçada foi sendo tomada por Seriemas em meio à galera voltando das baladas. O primeiro destino seria a histórica cidade de Pirenópolis. 
Além dos bravos viajantes que seguiriam até a Vila de São Jorge, ainda se juntaram a nós para nos acompanhar até Pirenópolis os Seriemas Thiaguinho, Zoião, Larissa e o convidado de honra do bando: Vitinho, que foi fazer sua primeira cicloviagem. 
Como em toda cidade grande, partimos pelo asfalto chato. Um pouco antes de adentrarmos a terra, já tivemos o primeiro de vários furos de pneu que aconteceriam ao longo do dia. 
Pegamos o início da nossa amada estrada de terra e, com o sol raiando, a paisagem já ficou deslumbrante! 
O primeiro ponto de parada, seria a Cidade de Santo Antônio de Goiás. Destruímos completamente ao estoque da Panificadora. Ali, Vitinho já se ambientou com a galera e já entrou na farra. Ele, juntamente com Larissa e Thiaguinho, estavam em suas primeiras cicloviagens, já se deslumbraram com a tal filosofia de cicloviagem (curtição e bagunça ao longo do caminho),
Na panificadora, entregamos nos primeiro cartão, que fizemos para distribuir em nome do grupo para simbolizar o nosso agradecimento às pessoas que nos ajudassem ao longo da aventura. 
Logo depois, em frente auma pequena chácara, encontramos um camarada que estava pra lá de Bagdá. Ofereceu um pouco de combustível. E não é que teve gente que aceitou?!?!

Adiante, rumo a Nerópolis, a altimetria já começava a mudar um pouco. Grandes morros faziam nossas pernas sentirem o peso dos alforges carregados de tralha para a viagem. Ali, Vitinho e Larissa já se deslumbravam só em pensar em tudo o que passaríamos naquele dia, já que era a primeira viagem com uma grande quilometragem rodada deles. 

Passamos por Nerópolis. Ali, um pedaço do grupo que se desgarrou, acabou pegando um outro caminho. Tivemos que mandar Paulo Tapete na missão de resgatá-los. 
Achamos os perdidos e seguimos viagem.
Auriam, desde cedo, vinha atiçando todo mundo. Sempre relembrando os tempos áureos em que dizia andar com a galera top do Brasil. Dizia que além dos 10kg que perdera para a viagem, estava pronto para qualquer combate. Antes de Campo Limpo, rolou o primeiro “pega” da Viagem. Infelizmente, o “Tio”, que se dizia extremamente treinado, tomou coco não só do Romar, que estava aguardando-o ao final da subida (e devolveu a paulada que havia levado na última viagem), como também perdeu a chegadinha do Zoião. E a zueira foi completa!

Seguimos por Campo Limpo, onde fizemos um almoço de mentirinha (só salgado frito, refrigerante e salgadinho, já que era o que tinha) e depois, mais algumas subidas dignas de serem registradas!
No meio do caminho, encontramos uma “amiguinha”. Demos um “oi”, registramos em fotos e deixamos ela lá onde estava. 
Depois de um estradão massante, eis que adentramos à região próxima a Pirenópolis. Região belíssima. Ali, em determinado momento, ficamos para trás eu (Mudinho), Nilsinho Braz e Larissa. O fogão que Nilsinho estava carregando não ficou bem posicionado e precisou ser reajustado. Começamos conversa sobre a importância de nossos amigos e das nossas amizades. 
Ali, Larissa lembrou de grandes amigos que eu e ela temos em comum. Começou a querer chorar de emoção. Obviamente, com toda a sensibilidade, mandei largar de ser “mulherzinha”, virar “homi” e parar de chorar pois, obviamente, faltava muito chão para chegarmos em Piri. 
Sol baixando e o que já era bonito, parece que fica ainda mais lindo. 
Após o massante asfalto próximo a Piri, que foi aliviado por conta da nossa “Jambox” (caixinha de som bluetooth) tocando AC/DC em alto em bom som, para adentrarmos à cidade, eis que fizemos chegada triunfal com pausa “de lei” na entrada da cidade. 
Como nem tudo são flores em uma aventura deste porte, quando chegarmos, olhei para a roda traseira da minha bike e deparei-me com diversos raios totalmente destruídos. Não haveria como seguir viagem daquela forma. Mandei mensagem para diversos amigos em Pirenópolis e vários deles se prontificaram a ajudar. O companheiro Zoião, que terminaria a viagem ali em Pirenópolis, me ajudou emprestando sua roda. O grande mecânico Vozin deu aquela força na troca dos cassetes e dando uma manutenção no que precisava! Sem contar, uma das lendas do Mountain Bike – Erasmo – que se prontificou a recolocar o raio da bike do Wellighnton que também havia se partido. Nessa novela, enquanto todo mundo desfrutava de uma deliciosa macarronada, eu tive que me contentar com dois pães do dia anterior com coca cola, em uma padaria perto da oficina onde a roda estava sendo trocada….
Fica aqui os sinceros agradecimentos à esta galera!!!!!


O causo “do Mandioca”:


Enquanto esperávamos em um dos momentos do nosso ócio (leia-se: “pneus furados do Serralheiro”), Romar (naquela infinita concentração e sociabilidade) olha firme para as canelas do Vitinho e já solta: olha só se não parece uma mandioca descascada.
Vitinho fechou a cara.
Pronto!
Era o ingrediente necessário para que o apelido pegasse: Mandioca!
Julguem por vocês: parece, ou não parece?