Seriema nos 70km 2013 – Pensa num sofrimeeeeeento sô!!!!
Mais um ano de 70km para a equipe
Seriema. 
Eu (Johnny Bravo), Nilsinho Braz e Rubãounimos forças para
participarmos dessa prova que foi duríssima! O Rubão achou mais fácil do que
ano passado, mas eu e o Nilsinho, com certeza, achamos bem mais difícil (quase
impossível).
Já estávamos planejando há
algumas semanas nossas estratégias de corrida. Conversávamos muito num grupinho
do Facebook sobre o que estávamos aprontando e fazendo para a prova. De início,
como eu havia feito um reconhecimento da prova, foi-me delegada a função de
“capitão” do grupo. Ao longo da prova, eu iria passar as orientações do que
enfrentaríamos.
Infelizmente, esse ano eu e o
Nilsinho (por motivos diversos), nos encontrávamos um tanto menos preparados
fisicamente do que no ano passado (que tivemos que lidar muito com o azar de
pneus furados). O Rubão, por sua vez, estava mais forte do que nunca. Além
disso, juntando com o fato do circuito ser duríssimo e com pouquíssimos pontos
que permitiam nos ajudarmos (leia-se: “um empurrar o outro”), foram todos os
ingredientes para ter sido uma das provas mais duras que já participamos.
Já no dia que antecede a prova,
fiquei quase duas horas para conseguir juntar todas as minhas tralhas. O
nervosismo tomava conta geral. Acordando cedo e na companhia do caríssimo amigo
William “Bolinha” que veio do Rio de Janeiro nos visitar, fomos ao local da
prova (que diga-se de passagem, era show!!!!). Chegando lá, posicionamos o
carro em um local estratégico e esperamos a chegada da caravana de Goiânia, com
Nilsinho Braz e o Rubão e com nossa fortíssima equipe de apoio composto da
Fabrine, Tiaguinho e do Felipe, fiote do Nilsinho.
No local da prova, reparei muito
como as pessoas têm carinho e respeito pelo nosso grupo. Não só nós como
pessoas (ciclistas), mas como membros do Seriema Pedal. Muitos foram os que
elogiaram não só a nossa última presepada para a Chapada, mas também as nossas
ações e filosofia de grupo como um todo. Inclusive, cada vez fica mais claro o
“peso” da responsabilidade que temos em vestir o nosso manto.
A galera do Canedo acabou
chegando faltando só meia hora para a largada. O nervosismo de nós três era
muito visível. Desde o momento de colocarmos as plaquinhas nas bikes. Estávamos
tremendo mais que vara verde. Ajustamo-nos muito rapidamente. Fomos em direção
ao grid de largada faltando menos de dez minutos para a largada. Enquanto
entrávamos na fila pra o nosso local da largada, olho para os pés do Nilsinho e
do Rubão e quase caí duro: cadê o chip da cronometragem? No nervosismo,
havíamos esquecido! Voltamos loucamente para o carro. Só faltavam cinco minutos
para a largada. Eu achei que os chips estavam no banco da frente. Ao abrir o
carro, K.D?!?!?!! Me desesperei! O Rubão levantou os olhos e os viu, em cima do
carro. Implantamos eles nas sapatilhas muito rapidamente! Me recordo de ver as
mãos do Rubão tremendo  muito, com
dificuldades até de conseguir passar os tarapes nos buracos dos chips.
Tudo certo e foi a hora de nos
posicionarmos.
No grid, discutimos um pouco mais
sobre nossas estratégias de corrida. Destaquei sobre a importância de tomarmos
cuidado com as descidas, que eram muito perigosas e havia grandes chances de
termos problemas com pneus. Frisei da importância de não sairmos de bandeirada,
pois a prova seria duríssima! E não só pelo percurso, mas também por tantas
pessoas a mais que estavam na categoria Equipe Trio.
Quem participa de corridas, sabe
o que é esperar a hora da largada. Borboletas na barriga, o imenso desconforto
intestinal (leia-se: uma vontade indescritível de c*gar!) e demais
desordens físicas tomam conta do indivíduo.
Felipe dá um grande abraço no
Nilsinho e dá aquela força que só nossos filhotes sabem dar!
Está dada a largada!!!
Depois que abaixou a bandeira, já
iniciamos a corrida em uma longa e inclinada estrada. As pernas se incharam e
os narizes sentiram muito o ar seco de Brasília. Nos posicionamos relativamente
bem para podermos entrar na sequência inicial de single-tracks. Fizemos as
subidas muito bem, buscando na raça pontos de ultrapassagem. Nas descidas,
dávamos o show que costumamos dar. A galera vibrava em nos ver sambando em cima
das bikes e dando aula pros mais medrosos, como de praxe.
Fizemos a primeira parte do pedal
muito bem. Para vocês terem uma idéia, os onze primeiros quilômetros foram
feitos em 50 minutos. Duríssimo! Ali, calculo que estávamos entre os quatro
primeiros. Porém, como eu já havia feito o reconhecimento anteriormente,
percebi que estávamos andando acima do previsto. Mesmo assim, preferimos confiar
na nossa animação e na nossa vontade. Continuamos socando a bota. Um pouco
depois da metade do percurso, chegamos à subida do Jipe. Uma coisa fantástica.
A inclinação e o tamanho, lembravam muito a Macaca, que temos em Bonfonópolis.
Ao final da subida, já estávamos sentindo um tanto de cansaço, mas ainda
estávamos bem. Subimos tão bem, que nos aproximamos de pelos menos duas outras
equipes.

Depois, descemos ainda mais
singletracks muito técnicos. Ao final da primeira volta, mais um pequeno top.
Ali, passamos a sentir um grande
cansaço e sentíamos que estávamos pagando o preço por termos torcido o cabo
demasiadamente no começo. O Rubão, como estava bem mais forte, nos soltou e se
dirigiu rapidamente ao ponto de apoio.
Eis aqui, o que considerei o ponto
mais alto de toda a competição: ver amigos e familiares vibrando muito por nós
e fazendo de tudo para nos apoiarem e nos ajudarem. Foi fantástico pegarmos
Coca-cola gelada, Gatorade e outros aditivos para nos re-estabelecermos e
seguirmos com o desafio. O Filipe não sabia se tirava foto ou se entregava
água. A Fabrine não sabia se brigava com o Rubão por ele estar esquecendo
alguma coisa ou se dava orientações de como estávamos na competição. O
Tiaguinho faltou subir nas bikes para seguir viagem conosco! Foi fantástico ver
as pessoas que estão conosco vibram junto com a gente.
Barriga cheia e foi hora de
seguirmos viagem.
Devo confessar que nesse tipo
específico de competição (duas voltas em um circuito duro), faz com que muitos
competidores fiquem com o psicológico muito abalado. Nós sentimos muito a
“desordem mental” insistindo em querer nos desesperar, firmando o pensamento:
“-vocês terão que passar por tudo aquilo da primeira volta de novo!”. E aqui,
meus amigos, é que vale muito mais a força da cabeça do que o preparo físico em
si (e para confirmar isso é só ver o número de pessoas desistentes na primeira
volta).
Depois da ciclo-viagem, eu Johnny
Bravo, havia recebido o apelido carinhoso de “Mudinho” pelos meus queridos
amigos. Não sei bem o motivo…….. Mas nessa competição, confesso que a minha
sede de vitória me contaminou e o meu título de “capitão” que conhecia bem o
percurso me subiu a cabeça. O tempo todo na primeira volta, falei muito! Muito
mesmo! Tentando passar orientações do que estava pela frente. Na verdade, conversando
entre nós, percebemos que o falatório todo estava sendo em vão. Assim, decidimos
mudar de estratégia: o silêncio e o foco em concentração passaram a ser nossos
aliados. Tentamos ao máximo focar o que passaria a ser nosso maior objeto:
terminar a prova. No início, achávamos que nossos maiores inimigos seriam os
concorrentes. No início da segunda volta, vimos que nosso maior inimigo
seríamos nós mesmos. O desânimo e a fadiga começavam a nos dominar. E repito:
era apenas o início da segunda volta.
No final da primeira longa subida
da largada, trocamos algumas idéias sobre estratégias e pegamos a veloz descida
numa estrada mais estreita, que não chegava a ser um single-track. Descíamos
bem rápidos, mas sem abusar da sorte, pois sabíamos que um pneu furado naquela
altura do campeonato custaria muito caro. No meio da descida, pelo lado da
pista onde estávamos descendo (entre nós e a mata), DO NADA nos aparece um
louco, descendo a milhão e acertou o Nilsinho em cheio! Levantou-se e ainda
quis tirar satisfação. Ainda bem que o Rubão conseguiu nos segurar. Levantamos
rapidamente, sacudimos a poeira e seguimos em frente. Nesse momento, acredito
que o “mal veio para o bem”. O pedal foi reestabelecido num ritmo bem mais
forte.
Seguimos fortes e em frente num
top de singletrack. Avistamos alguns componentes de outras equipes totalmente
mortos e devastados. Já passava de meio dia e meio. O sol escaldante e a secura
nos matavam a passos largos. Em uma longa subida, fomos ultrapassados pelo mestreAbraão
Azevedo. Até ele estava subindo num ritmo extremamente lento, na menor coroa e
na maior catraca. Foquei nos dedos da mão dele e percebi que ainda procurava
marchas da catraca para tentar aliviar o sofrimento….. tentativa essa
totalmente em vão.
Desse momento em diante,
conversamos e vimos que já estávamos chegando ao limite. E ainda nem havíamos
chegado no meio da volta. Baixamos as cabeças e paramos para descansar. Nos
consolávamos e tentávamos nos livrar da palavra “desistir” que parecia nos
atingir a cada fisgada de câimbra ou a cada obstáculo mais forte que passávamos.
Arrastando, chegamos ao meio do
percurso. Nesse local, passava-se muito perto da primeira subida da prova.
Confesso que passei a um milímetro de sugerir aos amigos que desistíssemos. Que
largássemos mão daquilo e que o sofrimento não valeria a pena.
Para quem sabe o que significa:
“bateu um maaaaaallestaaaarrrdanaaaaaaaaaaado”. E ainda tínhamos pela frente a
monstruosa subida que nos lembrava a subida da macaca (só que sem sombras).
Demoramos uma eternidade para acabar com ela. Ali ficaram as últimas forças que
tínhamos. Me recordo de nem me lembrar o que doía mais: as pernas na hora de
subir ou o resto do corpo nas descidas insanas dentro de single tracks
altamente técnicos.
Nossa fadiga era tanta que todos
nós passamos muito perto de levarmos vários capotes nas descidas, por conta da
desconcentração. Eram constantes os erros que nos faziam ir para o meio do
lato.
Ao final, pegamos mais um top
onde o companheiro William “Bolinha” nos aguardava ansiosamente com a câmera
empunhada nos braços. Ele perguntou por que o cara de desolação. A gente só não
mandou tomanoc* pq não tínhamos forças para isso! kKkkkk
Por fim: chegamos!
Nos abraçamos.
Porém, infelizmente, não tínhamos
forças nem para comemorarmos.
Confesso que ao final, fui tomado por uma emoção muito forte (acho que não chorei porque estava tão desidratado que
sairia só sal dos olhos… kkk).
Emoção não por termos andado
aquém do que havíamos previsto. Mas por termos conseguido vencer (de uma forma
ou de outra) a nós mesmos. Nossas limitações. A falta de preparo físico em si. Afinal de contas, um percurso daquele, é só para quem viu para
acreditar.Para mim, particularmente, finalizar aquela prova que foi considerada
uma das mais duras já vistas em nossas regiões, mesmo sem estar conseguindo me
dedicar aos treinos da forma que queria, foi fantástico. Acredito que posso
falar o mesmo pelo Nilson Braz. Alguns afazeres e contra-tempos envolvendo
outras prioridades nossas deste ano andaram nos impedindo de levarmos os treinos
um pouco mais a sério.
 Inclusive, acredito que posso falar por nós
dois e pedir sinceras desculpas ao gigante Rubão, que está um monstro no
preparo e que sofreu muito nos empurrando.
Depois da chegada e de nos
reestabelecermos, foi só farra. Nos juntamos na beira do corgo, com algumas
poucas (MUITAS!) latinhas de cerveja e fomos tirar onda um do outro das
caras feias que fizemos ao longo do percurso. Isso, aliado às piadas de um cara
que me tornei fã: Thiaguinho, foi só farra. Eis aqui o que foi, para mim, o
grande troféu dos 70km 2013: ter pessoas queridas e nos incentivando verdadeiramente!!!!

O Nilsinho tá fazendo charminho,
mas ano que vem tem mais!!!!
Por Gustavo Johnny
Bravo
Seriema Pedal Roots!
P.S.: dessa vez não vou me
desculpar pela delonga do texto. Vão tomar banho na soda! Eu não consigo escrever
menos!

P.S. II: Agradecimentos especiais
ao Felipe pelas fotos que ele tirou no ponto de apoio. Ficaram 10!!!
P.S. IV – bônus: fotografia tirada na volta pra casa:

Fotos tiradas por Felipe Braz (fih do Nilsin Braz)

Pessoas marcantes e fim de semana em São Jorge

Término de mais uma aventura no currículo do Grupo SERIEMA PEDAL. Alma lavada com o sentimento de dever cumprido, energia renovada e sensação de “quero mais”!!

Esta 2ª Ciclo Expedição SERIEMA à Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás, foi sem dúvidas não apenas mais uma ciclo viagem, mas uma aventura com a cara do grupo, onde buscamos não apenas cumprir no menor tempo possível a distância entre dois pontos.

Nossos projetos de ciclo viagens sempre foram pautados em dois pontos:

* Percursos com a maior parte por terra (trilhas se possível!) e

* Total autonomia

Estes foram os fatores que nos permitiram ter recepções extremamente agradáveis ao longo desta chegada à Vila de São Jorge. Estávamos ali, no meio do sertão goiano, de certo modo invadindo as rotinas dos locais, mas tínhamos a simpatia certa destes.

Por Vilarejos, currutelas, pequenas cidades ou fazendas, a primeira impressão das pessoas sempre era um misto de risos, por nossas roupas coloridas e coladas, e espanto, frente nossos relatos. Depois a segunda impressão é que ficaria marcada, contrariando o dito popular. Os locais, pessoas humildes e de coração grande, tratavam de nos proporcionar o melhor naquele breve momento. Sempre solícitos e ávidos por mais detalhes de nossa expedição. A cada parada uma festa se formava, para nós e creio que para os novos amigos também. Alguns já conhecidos da outra visita, em 2011, outros já aguardando um próximo retorno.

Dentre todas as pessoas conhecidas algumas se tornaram emblemáticas para nós do SERIEMA. O Sr. Francisco, digamos que o líder da comunidade do local de nosso primeiro pouso, foi inicialmente um pouco sisudo, mas depois deixou se perceber como generoso e hospitaleiro, ele e toda sua família que foram quase que os pioneiros do povoado.

Um tanto mais distante dali, fomos surpreendidos pela perspicácia e senso de humor do Sr Alfredo. Em um momento crucial ele surgiu, de jeito mateiro, desconfiado daquele Bando, mas mesmo assim nos auxiliou em nossa dúvida e ao se despedir observamos o sorriso de canto de boca, que logo adiante entendemos o significado… Batizamos a trilha em zigue-zague que descemos, em um enorme paredão, de Single do Alfredo.

Alfredo entre nós

O almoço deste mesmo dia foi em um ponto significativo e estratégico no meio do trajeto e mais significativo ainda foi a recepção do Elielson e sua mãe, dona Glória. Figuraças de extrema boa praça que riam de tudo que falávamos. E como esquecer aquele lugar??? Nunca!! Ninguém deixou de anotar a abóbora cabotiá com carne seca desfiada!!! Delícia total. Ahhh… foi também o primeiro contato com a família depois de dois dias sem sinal de celular e nem mesmo telefone público. Também acabamos com o estoque de cerveja gelada da Mercearia do Elielson.

Dona Glória e Elielson

Sr Irineu fez questão de nos acolher no quintal de seu rancho para a última noite de pouso. Abriu as portas de sua casa para nos proporcionar um maior conforto e em troca apenas queria ouvir tudo o que passamos nos dias anteriores. Foram horas de muitas risadas de todos, ele não se cansava de disser a sua esposa e seu amigo o modo que cruzamos seu caminho naquele dia: – Parecia um filme!

Sr Irineu nos levando a seu rancho

Seu amigo era o Mudinho, que ganhou este apelido dos amigos da região por conversar sem dar pausa pra respirar.

Com certeza a mais emblemática figura desta viagem foi a Dona Celiana. Mora sozinha no ponto mais isolado e de difícil acesso por que passamos. Seu simples rancho fica no meio de um vale lindíssimo com Serras de beleza inigualáveis, de onde descem cristais de todo tamanho. Por toda sua casa vemos os cristais, incrustadas no adobo ou adornando todo o local. Um ribeirão de água limpíssima e gelada fica a uns 20 metros da casa. Seus filhos moram em São Jorge, que fica há “apenas” uns 35 km dali, mas que ela não ve regularmente. A antena parabolica esta ali, mas duvido muito que ela faça muito uso ou se preocupe com a televisão.

Dona Celiana

Ela nos viu chegando pelo pequeno pasto por onde estava algumas vaquinhas. Não mudou muito seu semblante e nem mesmo ficou conversando demais (parece um amigo nosso), mas da mesma forma que todos, abriu as portas de sua casa para que pudéssemos preparar nossa última refeição ao longo do percurso. Apenas naqueles momentos de morga, após o rango, é que ela soltou um pouco mais a voz, não resistindo às chacotas do Aurian e do Élvio.

Ficamos por um bom tempo tentando imaginar o porque dela ainda se manter daquele jeito. Se mantendo distante da sociedade, sem se preocupar com as mudanças dinâmicas do mundo.

Hoje eu entendo o motivo.

Bom. Após a chegada a São Jorge comemoramos muito e fomos também assunto em várias rodas de conversa pela noite da cidade.

Missão cumprida e no dia seguinte fizemos o que? Fomos pedalar de novo, lógico! Vale da Lua, 10 km da Vila foi o destino.

Então pra encerrar as crônicas desta expedição deixamos algumas fotos do final de semana pela Vila de São Jorge.
Inté a próxima!!!

ÁLBUM FOTOS FIM DE SEMANA – XTRAX


ÁLBUM FOTOS JHONNY BRAVO

Ciclo Expedição SERIEMA PEDAL à Vila de São Jorge 2013 – 4º Dia Offroad – o final!

e vamos que vamos…
“zip…zip…..zip”……”zip zip zip”
(sem tec tec, já que estávamos acampados na graminha do Sr. Irineu. Um dos senhores mais hospitaleiros que já vimos).
Teve gente que acordou foi brabo com a bagunça matinal do Doutor… kkkkk
Depois de tantas aventuras e tanta gente legal no caminho, estávamos com a “certeza de boa receptividade”, como Nilzinho Braz citou.
Uma coisa engraçada é que como dormimos num grande descaído, todos acordamos encolhidos no cantinho da barraca. A do Élvio Jão inclusive teve as varetas quebradas (por que será, né?)… kkkk

Barraca do Jão com leves “avarias”

Um rápido café da manhã preparado pelos nossos cheffs, uma última olhada na belíssima paisagem do local, e já estávamos prontos para o pedal.

Última contemplada na alvorada do Sr. Irineu

Saímos em direção à balsa, que era o ponto original onde estávamos planejando dormir, a poucos quilômetros dali.
Chegando no local. Era a travessia do rio Tocantinzinho. confesso que como engenheiro fiquei impressionado com a engenhosidade da tal balsa. Inacreditável de como se consegue utilizar as forças da água com tanta criatividade e sem o uso de outro tipo de energia, que não fosse o da própria água. Eu até tentaria explicar aqui, mas o texto ficaria longo demais.. hehe.
Parada para a foto do grupo.

Engenharia pura e aplicada

Depois de lá, foi uma série de morros e muita dor nas pernas (apesar de uns terem feito tanta força para ganharem a camiseta de bolinhas que arrebentaram até corrente), entramos em um single-track muito pesado. As bikes, que já estavam com 30kg em média cada, pareciam estar ainda mais pesadas.
Eu, particularmente, não consegui erguer a minha morro acima. Estava exausto. O grande Weldas me ajudou.
Dentre as estradas, atravessamos incontáveis rios (não eram riachos, eram rios mesmo!). Muuuuuuuita força usada para levantar as bikes que já pareciam pesar mais de uma tonelada.

Rios rios e mais rios.

Depois de muito empurra bike em singletracks, entramos em uma mata bem fechada. Eu, particularmente, duvidei que sairíamos em algum lugar.

Perfect Man fantasiado de Mun-há

Inclusive, vou deixar um adentro aqui: em diversos momentos duvidei de muita coisa. Inclusive que ia conseguir passar do primeiro dia dessa aventura. E se tem um cara que mais me impressionou nesse grupo (como todo respeito à força de todos), esse cara foi o André Perfect Man –  o “XTR antigo do cerrado”.
A responsa desse cara ao guiar essa cambada de louco. E de ter paciência com tanta gente enchendo o saco dando pitaco no caminho que deveríamos fazer…. definitivamente não foi fácil! Sem contar a grande humildade de, em certos momentos, dizer pura e simplesmente: estamos errados. Esse cara me surpreendeu a cada dia e local que passamos. Essa é uma das lendas que o grupo Seriema me permitiu conhecer!
Continuando….

Dia de mata fechada

Depois de muito empurra bike, atravessarmos uma enorme plantação de capim, demos de cara com um casebre. E que casebre! No meio do nada! E quando falo nada é nada meeeeeeeeeeesmo! Era belíssimamente rústico. Desde as paredes, até os móveis e o modesto fogão a lenha.

Local totalmente sem acesso a veículos.

A primeira coisa que notei foi que não havia nenhum acesso para a casa por estrada. SIM! Sem acesso por estrada. O único acesso que havia por um single-track muito pesado.
A residente chamava-se Dona Celiana e já havia hospedado os Seriemas dois anos antes, em outra viagem. Como estávamos com boa fama, ela prontamente nos ofereceu a estrutura para fazermos nosso almoço.
Enquanto os cheffs tomaram suas posições (e dessa vez sob o comando do Élvio Jão), procurei registrar em fotografias o que era aquele local inacreditável.

Dona Celiana e sua invejável hospitalidade.

 

 

Em conversa, Dona Celiana nos disse que morava sozinha lá. Que a energia elétrica tinha chegado há apenas quatro anos e que não se importava de não haver ninguém por perto. Mas que ficava sempre feliz quando apareciam viajantes como nós por lá.
Para incrementarmos nosso já tradicional prato de macarrão (dentre outras coisas), o André achou e picou uma folha que eu nunca havia visto: taioba.

Como Élvio Jão tinha preparado a parada, o prato estava inacreditavelmente apimentado! E não foi só eu (que não sou acostumado) que achei não… kkkk
Mas na mesma proporção que estava apimentado, estava bom. Desceu que foi uma beleza!

Olha a pimeeeeeeeeeeeeenta!!!!

Demos um tempinho, enchemos as caramanholas, agradecemos imensamente a hospitalidade e seguimos em frente. Já na primeira baixada, ao passar em um rio, o pneu do “Veldas”(Weldas) fura.
Na parada para trocar, eu e Nilsinho Braz saímos andando no leito do pequeno riacho. Belíssimas e inigualáveis pedras permaneciam por ali. Inclusive diversos cristais. De todos os tamanhos e formas.
Após diversas gracinhas do Romar de ficar molhando todo mundo jogando pedras na água e o pneu devidamente arrumado, seguimos em frente. Entramos numa saroba sem fim. Mato muito alto. Saímos em mais um single-track muito técnico. Já tratamos logo de batizá-lo: singletrack da Dona Celiana.

Singletrack da Dona Celiana

Foram muitos quilômetros dentro dele. Chapadões imensos e bonitos nos acompanhavam o tempo todo.
Depois, caímos em algumas estradinhas quase abandonadas, atravessamos mais alguns rios, pegamos um singletrack bem fechado e finalmente chegamos em algo que poderíamos chamar de “estrada”.
Ela se iniciava ao fim da cachoeira do Segredo.
O problema é que ela ficava em uma região bem baixa. Subimos. E subimos MUITO!

Subidas e mais subidas!
Vista privilegiada

E vou deixar outro adentro: descobri que o safado do Auriam estava guardando as reservas de forças para a tal subida final! Deu coro em todo mundo! Definitivamente: a camiseta de bolinhas vermelhas, esse dia, foi dele! (depois arrependi de deixar ele ganhar! Ficou o resto da viagem toda “cantando de galo”!) Olhem só a felicidade dele!

Dando pau em todo mundo! (olha a alegria!!!)

Depois de tanta subida e nos reunirmos, achamos que era “só” chegar.
Engraçado como o nosso psicológico nos abala quando estamos achando que está chegando.
Como pelo visto já fazia alguns dias que não chovia, havia muito pó na pista. Infelizmente, cruzamos por alguns motoristas sem consciência que não faziam muita questão de diminuir. Porém, muitos outros, faziam questão de vibrar conosco. E sempre dávamos o salve com a buzininha bonitinha que o Nilsinho Braz tinha no guidão.
Ao erguermos a vista, lá estava a belíssima chapada. Sim, estávamos vencendo!

Essa também vale a pena clicar para ampliar

Ao olhar minha sombra com a bike, logo filosofei sobre essa “dupla dinâmica”.  Era a “dupla de um” que fazia tudo valer a pena. Aquilo, não só para mim, mas como para todos nós que ali estávamos, era muito mais que um simples esporte. Uma simples forma de mantermos a saúde. Era uma verdadeira filosofia de vida. Seja em ciclo-viagens, seja em campeonatos, seja em simples disputas com amigos ou em uma voltinha no parque… os pedais com certeza fazem parte de nossa vida.

A dupla dinâmica

Deviam estar faltando só 10km. Mas esses ficaram cada vez mais longos. Tivemos até que ligar os nossos faróis para chegarmos ao final. A previsão de alguns para chegada era de 14 hroas. Chegamos já estava a noite.
Ao avistarmos, nos reunimos. Tocamos uma música tema: Iron Man, do Black Sabbath (que vc pode ouvir clicando aqui).
Fizemos uma entrada triunfal na cidade de São Jorge. Os “Seriemas de Ferro” haviam conquistado São Jorge!

Chegada triunfal

As pessoas pareciam não entender muito o que estávamos a comemorar. Só nos viam falando muito alto e com cara de exaustos!

Paramos no primeiro boteco e fizemos questão de registrar o momento para colocarmos no facebook. Em questão de minutos, já eram centenas de visualizações e muitos recados, principalmente de nossas patroas, que já estavam muito afoitas. Quase sentíamos as vibrações das pessoas queridas, muito felizes em nos ver vencendo o que não foi “apenas” uma aventura. Mas o que posso chamar de: etapa de nossas vidas.

Daí foi só festa!
Auriam tratou logo de tomar a frente e achar uma boa pousada para ficarmos.
Apesar de todos estamos muito falantes e fazendo farra, o Andrézinho estava mudo. Sim! Totalmente mudo! Fiz questão de registrar o momento.

Mudinho

Sem palavras por estamos ali. Tarefa cumprida! Objetivo alcançado!
Aqui é serieeeeeeeeeeeeeeeema gritávamos no boteco!
Aquele dia, todos fizemos questão de acharmos uma comida diferente de macarrão (eu emais alguns, fizemos questão de entrarmos forte em um sandubão completo!).

Fim de viagem no pedal
Felicidade a mil por hora!
Vencemos!
E de fato, comprovei uma das maiores lições da minha vida: “A FELICIDADE É UM MEIO E NÃO O FIM – APROVEITE O CAMINHO!”.

Comemorando em alto estilo!
Altimetria do último dia

Peço desculpas se deixei passar algum fato importante e se me delonguei demais nos textos. Mas é que fica um tanto difícil descrever todas as aventuras as quais passamos apenas em palavras.
Espero muito que essa seja a minha primeira de muitas….
P.S.: Não tem “Fatos do Dia” pq não consegui escrever nada depois que chegamos…. kkkkk (a única coisa que tenho a relatar é que o Nilsinho Braz, inexplicavelmente, tem alergia a MATO!)

Por Gustavo Johnny Bravo

Fotos de sexta:

Fotos do dia – Xtrax

Ciclo Expedição SERIEMA PEDAL à Vila de São Jorge 2013 – 3º Dia Offroad

“tec tec”…”zip zip”

Alvorada.

Confesso que essa noite foi uma das mais bem dormidas da minha vida. Tenho certeza que falo por todos. Mesmo dormindo com relativa fome, em cima de pedras e em uma ribanceira, estávamos tão cansados e fedidos por conta da falta de banho do dia anterior que todos dormimos muito pesado. 
Acordamos bem cedo, a ponto de já iniciar o dia com uma recompensa: um nascer do sol de dar inveja. Inclusive, para mim, essa foi a foto mais bonita da viagem. Foi feita pelo Élvio. 
Eleita “A” foto da viagem
Tratamos logo de ajeitar as coisas. Nosso cozinheiros oficiais (Auriam, Fernando e André) trataram logo de tomar as posições no fogareiro. Com um delicioso café (que estaria ainda mais gostoso se tivéssemos AÇÚCAR, né Senhor Nilsinho Braz?!) e bolachas, já iniciamos o dia recolhendo todo o nosso lixinho que havíamos feito no acampamento. Além disso, tomamos providências de apagarmos a fogueira. 
Durante o café, tratamos logo de sentarmos e discutirmos o plano de ação do dia. Por mais que doesse em nosso ego e mexesse com nosso orgulho, decidimos voltar à região da pedreira. Mas dessa vez, desceríamos até a sede de forma a encontrarmos informações concretas de como era o caminho até o local onde pretendíamos chegar. 

Zarpamos com o tanque meio cheio, pois estávamos regulando a comida (não sabíamos ao certo o que nos esperava pela frente). Descemos até a sede da pedreira. Chegando lá, nossas previsões do dia anterior se estavam certas. O local estava totalmente abandonado. A única alternativa que nos restou foi seguirmos em frente pelo duríssimo caminho que o grupo havia pego dois anos antes. 
Duro caminho de volta à pedreira
Aproveitamos que ao fundo de uma casa no local, havia um rio que tinha a nascente logo ali. Recarregamos as caramanholas com uma água mais confiável do que a dos pocinhos do rio seco. Aproveitamos também para assaltar alguns pés de laranja que estavam por ali. Mesmo estando verdes, nos deliciamos com aquele gosto azedo mas que com certeza traria as disputadas calorias e vitaminas para nossos corpos já um pouco debilitados. 

EIS QUE!…….. TCHANAM!!!!!!!! 
Somos surpreendidos por um verdadeiro “Santo”, chamado Alfredo. Tenho certeza que nenhum de nós jamais esquecerá o nome dele. Ele veio montado em seu cavalo e guardado por dois cachorros. Era quase uma cena de filme hollywoodiano, quando o herói aparece para o salvamento. Ali, tratamos de pegar as diversas informações da forma mais fácil de chegarmos ao próximo ponto programado (o vilarejo que serviu de apoio ao Rally dos Sertões alguns anos atrás). 
“Santo” Alfredo nos indicando o caminho
Além de nos dizer o caminho, o “Santo” Alfredo fez questão de nos acompanhar até a entrada do local onde ele havia indicado. Pegamos um pedacinho de estrada e logo entramos em um single-track bem fechado. Estava tomado com um cerradão alto. Até tombo teve gente que levou…rsrsr.
Assim que chegamos a uma gigantesca pirambeira (que nao dava nem para ver o fundo), Sr. Alfredo disse quase em um tom sarcástico: “-É difícil, mas como vocês me pediram o caminho mais rápido, descam aí que logo chegarão na fazenda do Sr. João”. 

Senhores amigos…… o local era inacreditável. Tratava-se de um imenso paredão sem fim. Era quase impossível acreditar que alguém desceria por lá a pé. Quanto mais com as pesadíssimas bicicletas nas costas (lembrando que cada uma delas, estava pesando em média, 30kg). 
Com poucos metros descidos, a opinião era unânime: uma das descidas mais punks que já fizemos em nossas vidas. Era gigantesca e inacreditavelmente inclinada. De forma que mesmo sem os bagageiros e as tralhas, era quase impossível de se descer montado na bike (e olha que os Seriemas têm a fama de serem meio loucos nas descidas, hein?!)
Vista da estrada que estávamos tentando alcançar

Descemos com muito cuidado. Tomei várias “coronhadas” do banco da bicicleta, quando não aguentava segurar o peso dela. Sem contar, as vezes que a bicicleta tombou em cima de nossas pernas. Muitos nos machucamos bastante. Ao mesmo tempo que fizemos muito esforço descendo, a vista de lá era belíssima. Estávamos de frente para um grande vale, e conseguíamos o tempo todo avistar a estradinha que estávamos procurando. Para se ter uma idéia, eu estava com duas garrafas e uma mochila de hidratação cheia no início da aventura. Ao final, sequei quase tudo. Foram quase 50 minutos de escaladas com as bikes nas costas, até chegarmos na tal fazenda do Sr. João. O local foi prontamente batizado como “Single-track do Seu Alfredo”.
Chegando lá, o dito cujo não acreditou que havíamos descido por aquele local com aquelas bicicletas. Ele só acreditou pois não havia outro local para chegarmos aos fundos da fazenda dele. 
“Single-track do Seu Alfredo”
Enchemos as garrafas e logo seguimos em frente, rumo à próxima vila. Passamos por baixo de uma grande linha de transmissão. Em pesquisa, descobri que ela liga a Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa à Subestação Luziânia, em 500 mil Volts. (foi mal pelo excesso de detalhamento… mal de engenheiro eletricista…heheh).

Já bem cansados devido à pouca alimentação do dia e depois de muitas e duras subidas, chegamos à pequena vila que recebera o Rally dos Sertões anos atrás (e local programado para dormimos, caso tivéssemos seguido o caminho inicialmente programado). 

Lá, fomos recebidos em uma vendia pelo simpaticíssimo senhor Elielson e sua mão, a Dona Glória. O alívio tomou conta de todos nós. Eram apenas 13 horas. Estávamos com pernas machucadas e exaustos. Até cogitamos parar por ali mesmo a viagem do dia. 
Abóbora+carne seca = prato top!!!!
Vista de onde almoçamos
A Dona Glória fez um almoço que ficará na memória de todos. Foi um prato digno de cheff e eu confesso que nunca havia experimentado. Além do tradicional arroz, feijão e um macarrão, comemos uma deliciosa carne seca com abóbora. Simplesmente espetacular!
Tratamos logo de nos hidratarmos muito bem com algumas brejas e muuuuuuuuuuita coca-cola gelada (acabamos com o estoque!, sem exagero!).
Tratamos bem de tomarmos um belo banho para tirar a inhaca do dia anterior. Tive a impressão de que todo mundo demorou bastante no banheiro. Acredito que tenha sido para tirar os “macucos” que estava mais pregados do que nunca!!!! KkkKKk
Sequelas do Single-track do Seu Alfredo + Macuco
Nesse dia, enquanto esperávamos, filosofamos e rimos muito do aperto que havíamos passado no dia anterior. Todos nos elogiamos mutualmente principalmente pelo respeito que temos frente aos limites (físicos e psicológicos) de cada um. 
O bando de amigos estava mais unido do que nunca!!!!

À sombra de uma árvore na porta do local, enquanto fazíamos o quilo, estávamos eu e o Élvio conversando. Filosofamos sobre a hipocrisia da “sociedade comum”. Sociedade essa que parece exigir que as pessoas sejam todas iguais. Que parece condenar as pessoas quando elas são felizes. De como ela, muitas vezes, exige sejamos todos uma “massa” ou um “cardume” único. Como muitas pessoas nos olham como verdadeiros E.Ts quando dizemos que não ficamos em casa num sábado a tarde assistindo Temperatura Máxima ou o Faustão no domingo. De como temos “coragem” de pagar aquele valor nas bicicletas. 
Nesse momento, me recordei de uma passagem citada pela lenda Hélio Vilela (conhecido como Papai Noel): “eu sempre vi as pessoas dizendo que possuem plano de saúde. Mas o que vejo, na verdade, é que as pessoas têm um ‘plano de morte‘, isso sim. O meu plano de saúde, eu adquiri quando comprei minha bicicleta!”

Depois de tanta conversa fiada, barriga cheia e o devido quilo feito, vimos que ainda dava para seguirmos em frente até o próximo ponto programado: a balsa.
Juntamos a tralha e seguimos em frente.
Estava até difícil de pedalar com a barriga tão cheia…rsrsr. No meio do caminho, um simpático senhor uma motocicleta nos abordou. Era o Sr. Irineu. Estava impressionado de como conseguíamos passar velozes e com destreza (mal de Seriemas… rsrsr) pelas descidas inclinadas da região. Citou que já havia tomado vários capotes pelos locais por onde passávamos. Depois de uma pequena prosa, ele nos convidou a passarmos aquela noite no quinta da casa dele. Um convite irrecusável para quem iria dormir ao relento e tomaria banho de água de rio. E assim foi feito. 

Chegamos à bela propriedade dele, onde estava também a Senhora Cleuza, esposa dele. O local tinha uma vista invejável para os chapadões que havíamos passado naquele dia. Armamos acampamento e tratamos logo de tomar banho. 
Interagir foi a meta principal da viagem
Mais uma vez, nossos “cheffs” Auriam, Fernando e André tomaram frente a um belo fogão a lenha. Fizeram uma macarronada com vários apetrechos top! 
Aproveitamos pois o local era um dos poucos onde os celulares pegavam. Todos subiram um pequeno morro para darmos notícia às patroas de que estávamos todos vivos e seguros. Nesse dia, tivemos a notícia de que o Carlão tinha dado uma surra nos concorrentes dele. Ficamos todos muito felizes e até tentamos ligar para ele, mas o excomungado não atendeu!!!
Cito aqui que ao longo dos pedais, lembramos de todos os Seriemas, sem exceção. Lembramos de como cada um estava fazendo falta naquela presepada. 
Depois disso, ninguém quis nem conversa. Foram todos capotar. 

Na noite, recordo-me de ter acordado com uma luz bem forte apontando para a barraca. Acordei achando que era alguma lanterna acesa, mas era a lua. Belíssima. Dava quase que para viajar sem farol a noite. 



Fatos do dia:

-todos tomaram banho (duas vezes!)
-pernas depiladas ajudam a sarar os machucados
-tinha um Pombo com “Maallll estaaarrrr” no caminho…
-o Dr. foi o vencedor da camiseta de bolinhas
-todas as barracas pingaram dentro por conta do sereno
-quem ronca continua dormindo antes
-teve gente que andou pra caralho! (literalmente!)
-abóbora+carne seca = combinação perfeita!
-todo mundo estava com macuco
-o single track do Alfredo ficou para a história
-“a simpatia é o habeas corpus para mais simpatia”
-nenhum alforge se desmontou nem caiu
-3o dia e apenas um pneu furado!
-fizemos um teste de DNA e detectamos que o Sr. João era parente do Romar (monossilábico)
-eu ia falar umas coisas engraçadas que o Nilsinho ouviu o Romar falando no telefone, mas deixa pra lá….kkk

Ciclo Expedição SERIEMA PEDAL à Vila de São Jorge 2013 – 2º Dia Offroad

Vamos lá para o relato de mais um dia:
“tec tec tec”… “zip zip zip”…. “tec tec tec”….”zip zip zip”. Adivinhem o barulho de quem era! Pois é! Era o Dotooorrr! Todo agoniado e acordando todo mundo com um entra e sai infinito na barraca. Esse já passou a ser o toque oficial da alvorada do grupo. Inclusive, esse dia ele já tomou o apelido de “Doutor Zipper”.

Escolinha onde havíamos pernoitado

Acordamos bem cedinho. O sol mal havia saído. A meta do dia eram “só” 50 km. Pensei comigo: “que beleza! Depois de todo o esforço de ontem, hoje será uma dia de descanso.” Perguntei ao Romar qual o motivo de estarmos pretendendo rodar tão pouco naquele dia. Ele, com um sorriso bem sarcástico na cara, me olhou profundamente e disse: “-No final do dia, a gente conversa”.
Tratamos logo de comprar uma mortadela, pão e café na vendinha da “tia simplática”…kkkkk.
Enquanto ajeitávamos as tralhas, diversas crianças chegaram para a aula. Interessante observar que era feirado e mesmo assim elas estavam a postos para mais um dia na escola. Todas nos observavam atentamente. Deviam estar achando engraçado aquele povo com aquele shortinho apertado e aquele monte de tralha na garupa das bikes.
Barriga forrada e vamos ao pedal!

Como havíamos subido muito no dia anterior, o pedal já começou em uma região bem elevada, por onde andamos em meio a grandes plantações. Assim que elas se acabaram, pegamos um platozão com vegetação bem característica do cerrado. Em meio a ele, nos deparamos com um verdadeiro jardim, belíssimo. O Élvio (nosso consultor oficial de plantas do cerrado) nos disse que aquelas flores eram candombá e vê-las daquela forma era um fato raro.

Um verdadeiro “jardim”
Flores de candombá

Ao fim do platô, nos deparamos com um verdadeiro tobogã de descidas. Ainda em cima dele, havia um mirante belíssimo. Algo extraordinário de se ver.
Descemos bastante.

Ao mesmo tempo que ficávamos vidrados com as descidas, posso dizer também que um certo receio e medo nos dominava, pois uma grande máxima do mountain bike é: tudo que sobe, tem que descer! Ao mesmo tempo que o pedal rendeu bem no início, deu pra perceber (e ver pelos chapadões), que aqueles cinquenta quilômetros planejados seriam “os” cinquenta quilômetros.

Mesmo com muitas serras em vista, eram só 10 horas da manhã e já havíamos andado 30km. Logo pensei que o restante seria fácil. Logo após essa reflexão, deparamo-nos com o início do chamado “Espinhaço do Chicão”. Era uma monstruosa e inigualável subida. Não era tão gigante, mas era muito inclinada. Fomos para a disputa da camiseta de bolinhas vermelhas eu e o Derúbio. Eu queria muito tomá-la dele, já que no dia anterior, ele havia ganhado. Depois de muita labuta e uma paradinha estratégica por parte de nós dois para tomar um fôlego, eis que ganhei a disputa (e tem gente pra provar isso!!!!) rsrsr.

“Espinhaço do Chicão”

As pernas se incharam bastante depois da subida. Sem dúvida, ali o pedal já foi se quebrando. Depois de quase 40km sem vermos nenhuma casa nem sinal de civilização, passamos por um casebre com uma singela criação de porcos. Ninguém se encontrava. Depois, pegamos mais um top e chegamos a outro grande platô.  Era grande e bonito, já que dava estávamos no cume de uma montanha que dividia dois grandes penhascos. Paramos para fazer belíssimas fotos. Ali, tínhamos que decidir entre seguir em frente rumo a uma pedreira (por onde a galera do Seriema já havia passado há cerca de dois anos atrás) ou pegarmos um caminho alternativo a direita, para tentarmos seguir um local ainda não desbravado.

Descida para a pedreira. (k.d. os Seriemas?!)

De início, tentamos não trocar o certo pelo duvidoso. Descemos longas pirambeiras e entramos nas terras da pedreira. Percebemos que as áreas de exploração pareciam estar abandonadas. Como estávamos todos com muita sede, procuramos água e nos deparamos com um pequeno lago. Paramos para tomar banho, mas logo raciocinamos que aquelas águas tinham grandes chances de estarem contaminadas por produtos oriundos da pedreira, inclusive com metais pesados. Achamos melhor não arriscarmos. Eram perto de 13 horas e a fome já nos dominava. Naquele momento, em meio a um nada, resolvermos juntar o que tínhamos nas bagagens e fazermos um “pseudo-almoço” bem leve. Após juntarmos as gororobas, eis aqui os ingredientes da nossa comida:
-paçoca (farinha com carne seca)
-bolachas cream cracker
-sardinhas em lata (com caldinho de conserva e tudo!)
-azeitonas em conserva (com caldo e tudo)
 Mistura tudo e manda pra dentro!!

Pedreira desativada

Só de lembrar, já me arrepia. Mas posso dizer que foi um dos melhores pratos que já comi na minha vida. Lição do dia: O melhor tempero é a fome! E estávamos ali para provar essa teoria!
Juntamos mais umas outras bolachinhas, pés de moleque e mais uma deliciosa carne seca que o Élvio havia levado para a “pseudo-sobremesa”.
Aproveitamos para discutir se valeria a pena descer até a sede da mineradora. O Romar bem lembrou que quando cruzaram aquelas terras da outra vez, pegaram um mato muito alto e grande pela frente. Que tiveram longos trechos de empurra bike e que o pedal rendera muito pouco. Decidimos então voltar para trás e tentarmos o caminho alternativo. Isso eram perto de 14:30 horas. Subimos muito! Principalmente porque estávamos já cansados das outras subidas. No local onde havia a bifurcação, dava para avistar as trilhas que passaríamos no outro lado do morro, já que havia um grande vale entre eles.

Foto tirada do local onde estávamos anteriormente

Entramos no local alternativo. De início, eram só descidas, mas que logo depois se traduziram em longas subidas. Depois de um trecho bem duro, que já se transformava em single-tracks, tivemos um pequeno problema com nosso GPS. Decidimos “seguir o rumo” de onde achávamos que era a saída daquele conjunto de montanhas. A meta era chegar a um pequeno vilarejo (local sede de algumas edições do Rally dos Sertões)/
Romar e Nilsinho Braz baixaram o espírito dos antigos bandeirantes, desbravando muita coisa no peito. A cada single que entrávamos, deparávamos com um gigantesco penhasco, impossível de se descer a pé, quiçá com as bikes de 30kg em média cada uma.

Espírito “bandeirante”

Assim a tarde foi-se passando. Single após single, nos víamos em labirintos sem saída. O tempo passou e o grande problema que enfrentamos foi um dos “tendões de aquiles” de qualquer pedal: falta de água. Uma a uma, as caramanholas e as mochilas de hidratação foram se acabando. Até que estávamos totalmente secos! E já eram 4:30 da tarde! Um empurra bike infinito com muito mato no peito. Passamos então a procurar fontes de água. A cada local que achávamos haver água, nos deparávamos com nascentes perenes que já estavam secas (apesar de um solo um pouco úmido).
Os religiosos começaram a orar, pedindo uma fonte de água.
Até que, perto de 18 horas, com o sol já bem baixo, achamos um rio que havia se secado provavelmente há poucos dias. Ainda com diversas poças de água aparentemente bem límpida. Nos abastecemos e tentamos seguir em frente.

Água: um dos bens mais preciosos do mundo!

Nilson Braz dessa vez tomou a frente. Em determinado momento, como ele estava na ponta e estávamos em fila indiana (eu mais atrás), ele narra que parou um pouco e decidiu deixar a bike no chão, nos pediu para esperar, e foi em frente a pé. Avistou uma clareira e chegou a comemorar pensando que fosse a bendita estrada que estávamos procurando. Ao seguir em frente, viu-se em um estrondoso penhasco. Quase uma cena de filme em que o mocinho está fugindo dos bandidos e se vê no meio do nada. Voltou decepcionado.
Estávamos exaustos! O orgulho triunfal do dia anterior de termos vencido a natureza estava totalmente abalado pela lição de moral que tomávamos do vasto cerrado.
Eram quase 18 horas e decidimos voltar à fonte de água e acamparmos.

Acampamento Seriema

Pouco a pouco, fomos desfazendo as bagagens e procurando um local menos inclinado possível para armarmos as barracas. O que inicialmente parecia uma “derrota”, logo foi totalmente compensada quando olhamos ao horizonte e avistamos um dos mais belos pôr-do-sol de nossas vidas. Olhamos todos sem palavras. Até para pegarmos as câmeras e fotografarmos estava difícil tamanha a embriaguez que aquele momento e local nos proporcionavam. E eis a nossa vista:

Clique para apliar (eu garanto, vale a pena!)

Acampamento armado, juntamos um macarrão, o restante de alguns alimentos, acendemos o fogareiro e fizemos uma bela janta. Tudo bem que foi muito regrada e me não me tirou nem metade da fome, mas com certeza, um dos melhores pratos que já comemos na vida!
Saliento aqui que nesse momento, nosso grande amigo Veldas tomou a palavra e fez uma bela oração, agradecendo a Deus pela oportunidade única de estarmos naquele local, com saúde, com água e nas melhores companhias do mundo.

Engraçado que o Romar estava como “pinto no lixo” por estarmos em um local como aquele. Segundo ele, nessa situação é que “tudo passava a ficar verdadeiramente divertido”.
Após o bucho cheio, alguns de nós nos deitamos nas barracas com o zipper aberto. Foram incontáveis estrelas cadentes. Nenhum sinal de civilização. Nem luzes de casas conseguíamos avistar. O “bando de amigos” estava, definitivamente, em paz!
Antes de dormir, ouvi grandes estórias do Auriam nos tempos dele de corrida. Quando chegou a bater em atletas de elite. É incrível como fatos assim ficam na memória de cada um. Como se tivessem acontecido um dia antes de serem contadas. Ouvimos também grandes fatos de soldado contados pelo Auriam e pelo Weldas.

Fatos do Dia:
-esse dia todo mundo foi dormir sem tomar banho e com a roupa do corpo (só o Élvio que deu uma enxaguada em uma das poças, mas nada que fizesse a diferença).
-teve gente que citou que esse era o dia de treinar single tracks empurrando
-teve gente que comemorou muito por não ter tido cãimbra
-tinha gente mais perdido do que cego em tiroteio
-o Derúbio insistia em dizer que “era só pegar um trieiro que chegava lá…”
-“-TÔ NUM MAL ESTAAAAAAAARRRRRR” – frase da viagem!
-todo mundo foi dormir com fome
-nunca comemos um macarrão tão bom em nossas vidas
-o Johnny Bravo tem um chinelo do Pacman!
-dormir no chão é melhor do que dormir nas pedras
-o Derúbio jura que o freio dele tava pegando durante o Espinhaço do Chicão
-quem ronca dorme primeiro do que quem não ronca
-O Romar e o Álvaro roncam. O Élvio URRA!
-O Nilsinho quase foi linchado por ter perdido um pacote de açúcar e o salame.
-Todos comemoramos muito termos optado pelo caminho alternativo!!
P.S.: esse relato foi feito ao alto e bom som de Faith No More!
CLique aqui para o relato do próximo dia.

Fotos do dia:



ÁLBUM XTRAX – QUARTA

Ciclo Expedição SERIEMA PEDAL à Vila de São Jorge 2013 – 1º Dia Offroad

Continuando….
Meta do dia: cerca de 90km por estradões.
Acordamos bem cedo no Hotel dos Viajantes, ao som de muitos “tec-tec-tec” de sapatilha pegando no chão. Era o Doutooorrrrr (Álvaro), muito agoniado que decidiu acordar mais cedo do que todo mundo.

Foto oficial com nossa Xtrax

Depois de muita bagunça e a foto oficial na porta do hotel, seguimos para um delicioso café da manhã no Município de Mimoso, que ficava perto da cidade onde estávamos. O dia amanheceu maravilhoso. A ansiedade era muito evidente nos olhos de todos os Seriemas. Risos e piadas tomavam conta das pedaladas. Até Mimoso, o trajeto foi de apenas 4km bem planos. Fomos muito bem recebidos na mesma padaria que os Seriemas haviam passado há dois anos. O comentário que ouvíamos quando passávamos em locais por onde o grupo já havia passado era sempre o mesmo: “mas vocês vão pra esse ‘trem’ de novo? Não cansam não?” rrsrsrsrs

Início de pedal perfeito!

Por lá, aproveitamos também para nos abastecemos de mantimentos e compramos uma panela, para cozinharmos com nosso fogareiro.
Ao sair da cidade, já nos deparamos com um pequeno top que mostrou o que estaria por vir.
Na parte da manhã, o pedal rendeu muito bem. As estradas de chão eram relativamente planas e estavam com poucas valas e muito bem cuidadas. Os poucos carros que topávamos, sempre foram extremamente receptivos conosco.  Todos nos sentimos muito bem. Paramos para o almoço em um Distrito (que não era nem Município), em um restaurante. Cada um fez uma pequena “serrinha” bem íngreme nos pratos. Como bem citou o Auriam: “-Será que do outro lado dessa Serra pega celular?!” Abastecidos, demos um tempinho com um leve descanso. Alguns de nós aproveitou para dar um ajuste fino nas bikes.

(ignorem o Nilsinho com o dedo no nariz)

Voltamos à labuta achando que o restante do percurso seria relativamente plano como a primeira parte. MAAAASSSS, “PARA NOOOOOSSSA ALEGRIA”, o bicho pegou logo na saída da cidadezinha. Subidas muito íngremes e descidas velozes tomaram conta do percurso. Quando chegávamos ao fim de um top, avistávamos longe o restante das estradas e sabíamos que teríamos que passar naqueles lugares. Era importante manter o foco e dosar as forças. O psicológico é sempre um ponto muito importante na disciplina de cicloviagens como essa. Principalmente por ser totalmente autônoma e em locais onde não há nem sinal de celular.

Lá pelas 3 horas da tarde, quando Derúbio cita que as subidas estavam quase acabando, topamos com uma subida monstra, que lembrou muito o Longópolis (para quem é de Goiânia) e a subida do Mirante (para quem já correu os 70km de antigamente). Ela já fez muitas pernas chorarem de dor. Poucos foram os corajosos que conseguiram zerar. Cita-se que Élvio Vasconcelos foi um deles. O mais bravo escalador! Porém, não conseguiu bater o “profissionalismo” do Derúbio. O Doutooooorrrr e o Nilsinho também chegaram forte na moeção.
Depois de muito sobe e desce e de eu e Derúbio filosofarmos bastante sobre os tempos dele de Ciclismo de Elite e da honra que ele teve em representar o Brasil em diversos países da América do Sul, e de ele citar de como aquela região lembrava locais de provas como a Volta de Santa Catarina, paramos para nos refrescarmos em um rio.

Antiga fábrica de carros de boi

O local na beira desse rio era inacreditável. Ali funcionava uma antiga fábrica de carros de boi. Inclusive, ainda havia um que estava inacabado. Muito bonito mesmo de se ver. Logo depois, paramos em uma escolinha para pegarmos água, pois a do rio não nos parecia muito confiável. Muito interessante reparar em diversos locais pelos que passamos, as crianças sempre com uniformes e se dirigindo às escolas. Cruzamos diversas vezes com ônibus escolares levando-as às humildes escolas.
Caramanholas cheias e já pegamos mais um pé-de-serra duríssimo. Já era quase final do dia e faltavam “só” 20 quilômetros para pararmos. Devo confessar que esses foram um dos maiores vinte quilômetros de minha vida. As longas subidas e falso-planos com areia solta minaram as forças do grupo. Ao final, cãimbras e hipoglicemia eram constantes. No final do trecho, em meio a uma grande plantação de milho, a recompensa: uma belíssima vista do que havíamos vencido no trajeto ao longo do dia.

Recompensa do dia

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Registro aqui um pequeno fato: quando faltavam cerca de 5km para chegarmos a uma encruzilhada antes de onde terminaríamos o pedal, fui aclamado pelo experiente Sr. Auriam a fazermos uma “chegadinha”. Ele, eu, Fernando e o Álvaro torcemos o cabo. Fernando e o Derúbio sobraram primeiro. Eu logo pensei: “Esse velhote não vai aguentar…………………………….(alguns segundos depois)………….ou será que vai?”
ELE AGUENTOU! FILHODAMÃE! Me bateu! Isso tudo pra me dar lição pelas coisas que escrevi no nosso pedal BSB-GYN! De fato: a experiência venceu a inocência!
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Depois de nos juntarmos, fizemos uma chegada triunfal em outro vilarejo, que abrigava trabalhadores das lavouras locais. Em conversa com um cidadão, logo fomos encaminhados ao líder da comunidade. Sr. Francisco Gonçalves Palmeira. Sempre acompanhados de diversas crianças que deviam estar achando o máximo aquelas bicicletas com aquele tanto de coisa em cima (panelas, inclusive).

Lá, nos ofereceram um ambiente para pouso (onde funcionava a escola local) e a esposa do Sr. Franciso se ofereceu para fazer um jantar para nós.
Enquanto aguardávamos a janta e nos revezávamos para o banho, montamos acampamento.
O banquete foi um arroz na banha de porco (bem light! heheh), feijão, salada e mortadela. Mais uma vez, comemos MUITO!
Em conversa com a Senhora, ela me contou que quando havia chegado naquela comunidade (há cerca de 18 anos), não existia nada por lá. Ela resolveu iniciar o projeto de uma escola. Disse que ralou muito no começo, pois fazia todas as atividades da escola (professora, faxineira, etc…). Hoje, ela dirige a escola, que conta com 9 professores, bancados pela Prefeitura de Niquelândia, que oferece salário, transporte e auxilio moradia para que eles possam lecionar. Muito bonito de se ver que a perseverança de uma pessoa tenha gerado tantos bons frutos.

Antes de dormir, traçamos o plano de ação do próximo dia. Fui alertado de que, apesar da baixa quilometragem planejada, o desnível dos terrenos era gigantesco. Então era bom pouparmos energia.
Como era véspera de feriado, um carro de som tocou muita música sertaneja em alto e bem som em um boteco em frente ao local onde tentávamos dormir. Não sei ao certo o que era pior: a música em si, ou o Auriam e o Derúbio cantando junto. Só sei que como era minha primeira vez dormindo em cima de uma fina camada de EVA e em um saco de dormir, não descansei foi nada! hehe
Fatos do dia:
-o Fernandão tava numa presepada infinita com o alforge dele
-o Doutooooorrr ficou bravo com o Auriam pois também sobrou de roda
-o Derúbio ficava o tempo todo indicando o caminho certo, querendo mostrar serviço
o safado do Derúbio, além de não levar quase nada, ainda deixou algumas cargas dele pros outros carregarem
-o Weldas tava brabo comigo porque eu ficava chamando ele de “Veldas”, e não o nome certo dele
-a tia da venda (mercearia) não foi muito com nossa cara (ela era monossilábica como o Romar)
-Andrezinho = XTR antigo do cerrado!
-o Romar tava brabo com os barulhos da garganta do Gustavo Johni Bravo
-o Alforge do Johni Bravo rasgou e foi consertado com os mágicos e indispensáveis “tarapes”(enforcadeiras de gato) – é íncrível o que se consegue arrumar com eles!
-sem pneus furados no dia
-sem problemas mecânicos no dia (fora o alforge do Fernandão…rsrs)
Agradecimentos especiais ao Sr. Francisco, esposa e família que nos acolheram tão bem.
Clique aqui para cenas dos próximo capítulo!!!!

Fotos do dia:

Chapada – 2o dia – 30 de abril de 2013

Álbum do dia – Xtrax

Ciclo Expedição SERIEMA PEDAL à Vila de São Jorge 2013 – Prólogo

Bem Senhores,

É o início de mais uma ciclo-expedição do Seriema Pedal pelos confins pedaláveis (ou não) desse Brasilzão maravilhoso (mais especificamente, nosso imenso Cerrado).
Primeiramente já vou me desculpando se meu vocabulário for muito pequeno para descrever as belezas nessa aventura que passamos pelos últimos dias. É (definitivamente) impossível descrever o que passamos em simples palavras, mas vou tentar.
Combinamos no grupo que soltaremos um relato por dia correspondendo ao dia da viagem. Então, segunda feira (hoje), colocarei o que passamos na segunda. Terça feira, colocarei o que passamos na terça feira correspondente e assim vai.
Então, sem mais delongas, apertem as sapatilhas, verifiquem os freios e as marchas que aí vai!!!!!
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Incerteza:
Do dicionário online wikipedia: “Incerteza é a falta de conhecimento a priori do resultado de uma ação ou do efeito de uma condição.”

Essa ciclo expedição (que não foi “apenas” uma ciclo-viagem, já que desbravamos locais totalmente virgens, em uma viagem totalmente autônoma e sem apoio nenhum, com bikes que estavam pesando mais de 30kg) me deixou claro que a INCERTEZA é um sentimento que está com raízes no grupo Seriema Pedal. Ela é, definitivamente, o tempero de todas as aventuras. Pensar que eram 10 pessoas. 10 organismos. 10 bicicletas. 10 correntes. 20 rodas. 20 pneus. Um universo inteiro de coisas que poderiam vir a acontecer. Se tivéssemos uma bola de cristal que nos mostrasse o que aconteceria, toda a aventura perderia a graça. A incerteza se vamos zerar uma subida, se vamos descer uma pirambeira (que definitivamente somos completamente apaixonados) move o grupo. E uma coisa interessante: em nenhum momento ou situação, o Grupo “erra”. Nós apenas “tomamos caminhos alternativos” e sempre vamos em frente, crescendo. Tudo é festa. Um pneu furado é um momento de bagunça e descanso. Uma corrente quebrada é motivo de piada de “peduragem”.

Com esse sentimento de “incerteza”, desde o ano passado que estávamos planejando toda essa presepada. No meu caso particular, já havia feito vários pedais para Pirenópolis, por exemplo. Mas os pedais eram quase um “treino premiado”. Não havia uma grande interação com as comunidades pelas quais passei, nem paradas para fotos. Era só “faca nos dentes” e pressa para chegar. (não que a gente não tenha feito alguns peguinhas no meio da viagem….heheh!)

Mas um grande diferencial das presepadas dos Seriemas é a interação com as pessoas e os lugares por onde passamos.
Nessa filosofia é que foi dado o início da viagem. A galera toda se reuniu em frente ao Supermercado Brasil com familiares e amigos que não puderam participar da viagem.

Eu, como estou em Brasília e não Goiânia, saí daqui pedalando na segunda feira de manhã. Foi “estranho” ver todo aquele engarrafamento vindo a Brasília com as pessoas dirigindo para o trabalho e eu saindo nessas “férias”. Todos pareciam me olhar quase indignados com o pensamento: “que tipo de `atoa` sai para pedalar com toda essa parafernalha numa segunda feira de manhã?”

Esse pedal inicial me foi muito últil para pensar um pouco no que seria essa ciclo-expedição para mim. O que eu tentaria pensar e colocar em ordem na minha mente. Coincidentemente, as últimas semanas foram de muito atribuladas e estressantes. Em conversa com o restante do grupo, descobri que todos também andaram muito estressados. A viagem havia vindo em uma excelente hora para todos nós.

O meu primeiro dia foi de asfalto, por uma distância de 120km entre Brasília e Padre Bernardo, onde encontraria a galera para começarmos no outro dia a viagem, oficialmente falando.

Fui muito bem recebido em um restaurante já na hora do almoço. A galera chegou no final da tarde, com muita alegria e disposição. Jantamos um espetinho acompanhado de umas e outras…..Pernoitamos no Hotel dos Viajantes (mesmo local de dois anos atrás).

Interessante relatar que uma meta comum para todos nós era: nos desconectarmos desse mundo totalmente on-line e conectado. Todos desligamos o celular e a internet. Éramos nós, as bikes, as tralhas (que eram MUITAS!) e um destino: povoado de São Jorge.

Sem dúvida, tudo indicava que o desafio nos “moldaria”e mudaria para sempre….

Fotos do dia:


Chapada – 1o Dia 29 de abril de 2013

1° De Maio dia do CARLÃO Mostrar como Trabalhar !


Feriado em casa ! Que nada, o bom é curti esse feriado dia
do trabalhador, vendo nosso multe atleta CARLOS FREITA, mas bem conhecido como
CARLÃO, trabalhar sobre a magrela.
É indescritível esse evento, pois a organização, logística,
apoio ao atleta, apoio a família do atleta, localização, estacionamento, lojas,
alimentação, cronometragem e muito ROCK ROLL. Faz tempo que não vejo evento
como esse. A sintonia publico/atleta era fantástico, pois grande parte do
circuito ficava aos olhos do publico e o melhor todos na sombra e água fresca.
Dessa vez, esse que vos escreve foi conferir esse evento
para apoiar nosso único representante que teve coragem de empreitar esse
desafio, nosso grande, hiper e super  amigo/homem
 CARLÃO, esta ai um exemplo de dedicação
e raça.
Quando cheguei no evento pontualmente as 14:30, estava dando
as largadas como estava programado (isso só afirma o quanto a organização foi
um show), quando avistei o Carlão preste a largar, realizei um diagnostico
dele, ele estava com umas borboletas na região abdominal, suas pupilas
delatadas e suas pernas tremendo, acertei Carlão?
É dada a largada, Carlão larga muito bem, e já pula para o
1° lugar para não sair mais, inclusive carlão já pega a roda de integrantes da
categoria mais nova que a sua, deixando pra trás a categoria Máster C. No final
a primeira volta me posicionei na ultima subida do circuito para perceber seu
nível de esforço (defeito de fisiologista), logo percebi que ele estava
administrando muito bem suas dores. Daí pra frente me posicionei em uma forma
que pude ouvir o que ele queria. Quando me posicionei nesse local, saiu uma
mulher do meio do mato com uma câmera não mão, e essa mulher, logo reparei que
estava vindo em minha direção, quando ergui o rosto me deparei com a Ilustríssima,
Divinissíma patroa do Carlão, Renata: Onde a mesma estava procurando um bom
local para poder tirar uma fotos legais de seu esposo, mas em um desabafo, ela
me falou que as fotos não ia ficar legal, pois sua ferramenta não era das mais
recomendada para esse tipo de evento.
Abrindo a terceira volta Carlão já mostra para que veio,
porque seriema não da bote errado, é claro que sua primeira volta foi sua
melhor volta das cinco, mas já mostra um equilíbrio mental/físico e seu
excelente condicionamento físico, daí com muita raça manteve até o fim da
prova, batendo em muito bikes novinho que estava por lá.
Além da minha pessoa tiêtando o calão, também estava
presente Tobias e sua família, gritando em alto e bom som “CARLÃO, CARLÃO” exaustivamente,
e isso estava contagiava todos ali presente, fazendo assim uma torcida como
aquelas de futebol “Argentino” que não para de a cantar hora nenhuma
Que eu me lembro é o primeiro podium deste ano!
E de 1° Colocado é bom demais!
Parabéns Renata, pois poucissima mulher tem a disposição e a
parceria que você tem com esposo, prestigiando e ajudando seu marido.
Eu também sou privilegiado nesse quesito! 
Parabéns Carlão!

O Sentimento de todos integrantes deste grupo é de muito, mas muito
orgulho de ter você como integrante!