Ciclo Expedição SERIEMA PEDAL à Vila de São Jorge 2013 – 1º Dia Offroad

Continuando….
Meta do dia: cerca de 90km por estradões.
Acordamos bem cedo no Hotel dos Viajantes, ao som de muitos “tec-tec-tec” de sapatilha pegando no chão. Era o Doutooorrrrr (Álvaro), muito agoniado que decidiu acordar mais cedo do que todo mundo.

Foto oficial com nossa Xtrax

Depois de muita bagunça e a foto oficial na porta do hotel, seguimos para um delicioso café da manhã no Município de Mimoso, que ficava perto da cidade onde estávamos. O dia amanheceu maravilhoso. A ansiedade era muito evidente nos olhos de todos os Seriemas. Risos e piadas tomavam conta das pedaladas. Até Mimoso, o trajeto foi de apenas 4km bem planos. Fomos muito bem recebidos na mesma padaria que os Seriemas haviam passado há dois anos. O comentário que ouvíamos quando passávamos em locais por onde o grupo já havia passado era sempre o mesmo: “mas vocês vão pra esse ‘trem’ de novo? Não cansam não?” rrsrsrsrs

Início de pedal perfeito!

Por lá, aproveitamos também para nos abastecemos de mantimentos e compramos uma panela, para cozinharmos com nosso fogareiro.
Ao sair da cidade, já nos deparamos com um pequeno top que mostrou o que estaria por vir.
Na parte da manhã, o pedal rendeu muito bem. As estradas de chão eram relativamente planas e estavam com poucas valas e muito bem cuidadas. Os poucos carros que topávamos, sempre foram extremamente receptivos conosco.  Todos nos sentimos muito bem. Paramos para o almoço em um Distrito (que não era nem Município), em um restaurante. Cada um fez uma pequena “serrinha” bem íngreme nos pratos. Como bem citou o Auriam: “-Será que do outro lado dessa Serra pega celular?!” Abastecidos, demos um tempinho com um leve descanso. Alguns de nós aproveitou para dar um ajuste fino nas bikes.

(ignorem o Nilsinho com o dedo no nariz)

Voltamos à labuta achando que o restante do percurso seria relativamente plano como a primeira parte. MAAAASSSS, “PARA NOOOOOSSSA ALEGRIA”, o bicho pegou logo na saída da cidadezinha. Subidas muito íngremes e descidas velozes tomaram conta do percurso. Quando chegávamos ao fim de um top, avistávamos longe o restante das estradas e sabíamos que teríamos que passar naqueles lugares. Era importante manter o foco e dosar as forças. O psicológico é sempre um ponto muito importante na disciplina de cicloviagens como essa. Principalmente por ser totalmente autônoma e em locais onde não há nem sinal de celular.

Lá pelas 3 horas da tarde, quando Derúbio cita que as subidas estavam quase acabando, topamos com uma subida monstra, que lembrou muito o Longópolis (para quem é de Goiânia) e a subida do Mirante (para quem já correu os 70km de antigamente). Ela já fez muitas pernas chorarem de dor. Poucos foram os corajosos que conseguiram zerar. Cita-se que Élvio Vasconcelos foi um deles. O mais bravo escalador! Porém, não conseguiu bater o “profissionalismo” do Derúbio. O Doutooooorrrr e o Nilsinho também chegaram forte na moeção.
Depois de muito sobe e desce e de eu e Derúbio filosofarmos bastante sobre os tempos dele de Ciclismo de Elite e da honra que ele teve em representar o Brasil em diversos países da América do Sul, e de ele citar de como aquela região lembrava locais de provas como a Volta de Santa Catarina, paramos para nos refrescarmos em um rio.

Antiga fábrica de carros de boi

O local na beira desse rio era inacreditável. Ali funcionava uma antiga fábrica de carros de boi. Inclusive, ainda havia um que estava inacabado. Muito bonito mesmo de se ver. Logo depois, paramos em uma escolinha para pegarmos água, pois a do rio não nos parecia muito confiável. Muito interessante reparar em diversos locais pelos que passamos, as crianças sempre com uniformes e se dirigindo às escolas. Cruzamos diversas vezes com ônibus escolares levando-as às humildes escolas.
Caramanholas cheias e já pegamos mais um pé-de-serra duríssimo. Já era quase final do dia e faltavam “só” 20 quilômetros para pararmos. Devo confessar que esses foram um dos maiores vinte quilômetros de minha vida. As longas subidas e falso-planos com areia solta minaram as forças do grupo. Ao final, cãimbras e hipoglicemia eram constantes. No final do trecho, em meio a uma grande plantação de milho, a recompensa: uma belíssima vista do que havíamos vencido no trajeto ao longo do dia.

Recompensa do dia

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Registro aqui um pequeno fato: quando faltavam cerca de 5km para chegarmos a uma encruzilhada antes de onde terminaríamos o pedal, fui aclamado pelo experiente Sr. Auriam a fazermos uma “chegadinha”. Ele, eu, Fernando e o Álvaro torcemos o cabo. Fernando e o Derúbio sobraram primeiro. Eu logo pensei: “Esse velhote não vai aguentar…………………………….(alguns segundos depois)………….ou será que vai?”
ELE AGUENTOU! FILHODAMÃE! Me bateu! Isso tudo pra me dar lição pelas coisas que escrevi no nosso pedal BSB-GYN! De fato: a experiência venceu a inocência!
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Depois de nos juntarmos, fizemos uma chegada triunfal em outro vilarejo, que abrigava trabalhadores das lavouras locais. Em conversa com um cidadão, logo fomos encaminhados ao líder da comunidade. Sr. Francisco Gonçalves Palmeira. Sempre acompanhados de diversas crianças que deviam estar achando o máximo aquelas bicicletas com aquele tanto de coisa em cima (panelas, inclusive).

Lá, nos ofereceram um ambiente para pouso (onde funcionava a escola local) e a esposa do Sr. Franciso se ofereceu para fazer um jantar para nós.
Enquanto aguardávamos a janta e nos revezávamos para o banho, montamos acampamento.
O banquete foi um arroz na banha de porco (bem light! heheh), feijão, salada e mortadela. Mais uma vez, comemos MUITO!
Em conversa com a Senhora, ela me contou que quando havia chegado naquela comunidade (há cerca de 18 anos), não existia nada por lá. Ela resolveu iniciar o projeto de uma escola. Disse que ralou muito no começo, pois fazia todas as atividades da escola (professora, faxineira, etc…). Hoje, ela dirige a escola, que conta com 9 professores, bancados pela Prefeitura de Niquelândia, que oferece salário, transporte e auxilio moradia para que eles possam lecionar. Muito bonito de se ver que a perseverança de uma pessoa tenha gerado tantos bons frutos.

Antes de dormir, traçamos o plano de ação do próximo dia. Fui alertado de que, apesar da baixa quilometragem planejada, o desnível dos terrenos era gigantesco. Então era bom pouparmos energia.
Como era véspera de feriado, um carro de som tocou muita música sertaneja em alto e bem som em um boteco em frente ao local onde tentávamos dormir. Não sei ao certo o que era pior: a música em si, ou o Auriam e o Derúbio cantando junto. Só sei que como era minha primeira vez dormindo em cima de uma fina camada de EVA e em um saco de dormir, não descansei foi nada! hehe
Fatos do dia:
-o Fernandão tava numa presepada infinita com o alforge dele
-o Doutooooorrr ficou bravo com o Auriam pois também sobrou de roda
-o Derúbio ficava o tempo todo indicando o caminho certo, querendo mostrar serviço
o safado do Derúbio, além de não levar quase nada, ainda deixou algumas cargas dele pros outros carregarem
-o Weldas tava brabo comigo porque eu ficava chamando ele de “Veldas”, e não o nome certo dele
-a tia da venda (mercearia) não foi muito com nossa cara (ela era monossilábica como o Romar)
-Andrezinho = XTR antigo do cerrado!
-o Romar tava brabo com os barulhos da garganta do Gustavo Johni Bravo
-o Alforge do Johni Bravo rasgou e foi consertado com os mágicos e indispensáveis “tarapes”(enforcadeiras de gato) – é íncrível o que se consegue arrumar com eles!
-sem pneus furados no dia
-sem problemas mecânicos no dia (fora o alforge do Fernandão…rsrs)
Agradecimentos especiais ao Sr. Francisco, esposa e família que nos acolheram tão bem.
Clique aqui para cenas dos próximo capítulo!!!!

Fotos do dia:

Chapada – 2o dia – 30 de abril de 2013

Álbum do dia – Xtrax