Ciclo Expedição SERIEMA PEDAL à Vila de São Jorge 2013 – 4º Dia Offroad – o final!

e vamos que vamos…
“zip…zip…..zip”……”zip zip zip”
(sem tec tec, já que estávamos acampados na graminha do Sr. Irineu. Um dos senhores mais hospitaleiros que já vimos).
Teve gente que acordou foi brabo com a bagunça matinal do Doutor… kkkkk
Depois de tantas aventuras e tanta gente legal no caminho, estávamos com a “certeza de boa receptividade”, como Nilzinho Braz citou.
Uma coisa engraçada é que como dormimos num grande descaído, todos acordamos encolhidos no cantinho da barraca. A do Élvio Jão inclusive teve as varetas quebradas (por que será, né?)… kkkk

Barraca do Jão com leves “avarias”

Um rápido café da manhã preparado pelos nossos cheffs, uma última olhada na belíssima paisagem do local, e já estávamos prontos para o pedal.

Última contemplada na alvorada do Sr. Irineu

Saímos em direção à balsa, que era o ponto original onde estávamos planejando dormir, a poucos quilômetros dali.
Chegando no local. Era a travessia do rio Tocantinzinho. confesso que como engenheiro fiquei impressionado com a engenhosidade da tal balsa. Inacreditável de como se consegue utilizar as forças da água com tanta criatividade e sem o uso de outro tipo de energia, que não fosse o da própria água. Eu até tentaria explicar aqui, mas o texto ficaria longo demais.. hehe.
Parada para a foto do grupo.

Engenharia pura e aplicada

Depois de lá, foi uma série de morros e muita dor nas pernas (apesar de uns terem feito tanta força para ganharem a camiseta de bolinhas que arrebentaram até corrente), entramos em um single-track muito pesado. As bikes, que já estavam com 30kg em média cada, pareciam estar ainda mais pesadas.
Eu, particularmente, não consegui erguer a minha morro acima. Estava exausto. O grande Weldas me ajudou.
Dentre as estradas, atravessamos incontáveis rios (não eram riachos, eram rios mesmo!). Muuuuuuuita força usada para levantar as bikes que já pareciam pesar mais de uma tonelada.

Rios rios e mais rios.

Depois de muito empurra bike em singletracks, entramos em uma mata bem fechada. Eu, particularmente, duvidei que sairíamos em algum lugar.

Perfect Man fantasiado de Mun-há

Inclusive, vou deixar um adentro aqui: em diversos momentos duvidei de muita coisa. Inclusive que ia conseguir passar do primeiro dia dessa aventura. E se tem um cara que mais me impressionou nesse grupo (como todo respeito à força de todos), esse cara foi o André Perfect Man –  o “XTR antigo do cerrado”.
A responsa desse cara ao guiar essa cambada de louco. E de ter paciência com tanta gente enchendo o saco dando pitaco no caminho que deveríamos fazer…. definitivamente não foi fácil! Sem contar a grande humildade de, em certos momentos, dizer pura e simplesmente: estamos errados. Esse cara me surpreendeu a cada dia e local que passamos. Essa é uma das lendas que o grupo Seriema me permitiu conhecer!
Continuando….

Dia de mata fechada

Depois de muito empurra bike, atravessarmos uma enorme plantação de capim, demos de cara com um casebre. E que casebre! No meio do nada! E quando falo nada é nada meeeeeeeeeeesmo! Era belíssimamente rústico. Desde as paredes, até os móveis e o modesto fogão a lenha.

Local totalmente sem acesso a veículos.

A primeira coisa que notei foi que não havia nenhum acesso para a casa por estrada. SIM! Sem acesso por estrada. O único acesso que havia por um single-track muito pesado.
A residente chamava-se Dona Celiana e já havia hospedado os Seriemas dois anos antes, em outra viagem. Como estávamos com boa fama, ela prontamente nos ofereceu a estrutura para fazermos nosso almoço.
Enquanto os cheffs tomaram suas posições (e dessa vez sob o comando do Élvio Jão), procurei registrar em fotografias o que era aquele local inacreditável.

Dona Celiana e sua invejável hospitalidade.

 

 

Em conversa, Dona Celiana nos disse que morava sozinha lá. Que a energia elétrica tinha chegado há apenas quatro anos e que não se importava de não haver ninguém por perto. Mas que ficava sempre feliz quando apareciam viajantes como nós por lá.
Para incrementarmos nosso já tradicional prato de macarrão (dentre outras coisas), o André achou e picou uma folha que eu nunca havia visto: taioba.

Como Élvio Jão tinha preparado a parada, o prato estava inacreditavelmente apimentado! E não foi só eu (que não sou acostumado) que achei não… kkkk
Mas na mesma proporção que estava apimentado, estava bom. Desceu que foi uma beleza!

Olha a pimeeeeeeeeeeeeenta!!!!

Demos um tempinho, enchemos as caramanholas, agradecemos imensamente a hospitalidade e seguimos em frente. Já na primeira baixada, ao passar em um rio, o pneu do “Veldas”(Weldas) fura.
Na parada para trocar, eu e Nilsinho Braz saímos andando no leito do pequeno riacho. Belíssimas e inigualáveis pedras permaneciam por ali. Inclusive diversos cristais. De todos os tamanhos e formas.
Após diversas gracinhas do Romar de ficar molhando todo mundo jogando pedras na água e o pneu devidamente arrumado, seguimos em frente. Entramos numa saroba sem fim. Mato muito alto. Saímos em mais um single-track muito técnico. Já tratamos logo de batizá-lo: singletrack da Dona Celiana.

Singletrack da Dona Celiana

Foram muitos quilômetros dentro dele. Chapadões imensos e bonitos nos acompanhavam o tempo todo.
Depois, caímos em algumas estradinhas quase abandonadas, atravessamos mais alguns rios, pegamos um singletrack bem fechado e finalmente chegamos em algo que poderíamos chamar de “estrada”.
Ela se iniciava ao fim da cachoeira do Segredo.
O problema é que ela ficava em uma região bem baixa. Subimos. E subimos MUITO!

Subidas e mais subidas!
Vista privilegiada

E vou deixar outro adentro: descobri que o safado do Auriam estava guardando as reservas de forças para a tal subida final! Deu coro em todo mundo! Definitivamente: a camiseta de bolinhas vermelhas, esse dia, foi dele! (depois arrependi de deixar ele ganhar! Ficou o resto da viagem toda “cantando de galo”!) Olhem só a felicidade dele!

Dando pau em todo mundo! (olha a alegria!!!)

Depois de tanta subida e nos reunirmos, achamos que era “só” chegar.
Engraçado como o nosso psicológico nos abala quando estamos achando que está chegando.
Como pelo visto já fazia alguns dias que não chovia, havia muito pó na pista. Infelizmente, cruzamos por alguns motoristas sem consciência que não faziam muita questão de diminuir. Porém, muitos outros, faziam questão de vibrar conosco. E sempre dávamos o salve com a buzininha bonitinha que o Nilsinho Braz tinha no guidão.
Ao erguermos a vista, lá estava a belíssima chapada. Sim, estávamos vencendo!

Essa também vale a pena clicar para ampliar

Ao olhar minha sombra com a bike, logo filosofei sobre essa “dupla dinâmica”.  Era a “dupla de um” que fazia tudo valer a pena. Aquilo, não só para mim, mas como para todos nós que ali estávamos, era muito mais que um simples esporte. Uma simples forma de mantermos a saúde. Era uma verdadeira filosofia de vida. Seja em ciclo-viagens, seja em campeonatos, seja em simples disputas com amigos ou em uma voltinha no parque… os pedais com certeza fazem parte de nossa vida.

A dupla dinâmica

Deviam estar faltando só 10km. Mas esses ficaram cada vez mais longos. Tivemos até que ligar os nossos faróis para chegarmos ao final. A previsão de alguns para chegada era de 14 hroas. Chegamos já estava a noite.
Ao avistarmos, nos reunimos. Tocamos uma música tema: Iron Man, do Black Sabbath (que vc pode ouvir clicando aqui).
Fizemos uma entrada triunfal na cidade de São Jorge. Os “Seriemas de Ferro” haviam conquistado São Jorge!

Chegada triunfal

As pessoas pareciam não entender muito o que estávamos a comemorar. Só nos viam falando muito alto e com cara de exaustos!

Paramos no primeiro boteco e fizemos questão de registrar o momento para colocarmos no facebook. Em questão de minutos, já eram centenas de visualizações e muitos recados, principalmente de nossas patroas, que já estavam muito afoitas. Quase sentíamos as vibrações das pessoas queridas, muito felizes em nos ver vencendo o que não foi “apenas” uma aventura. Mas o que posso chamar de: etapa de nossas vidas.

Daí foi só festa!
Auriam tratou logo de tomar a frente e achar uma boa pousada para ficarmos.
Apesar de todos estamos muito falantes e fazendo farra, o Andrézinho estava mudo. Sim! Totalmente mudo! Fiz questão de registrar o momento.

Mudinho

Sem palavras por estamos ali. Tarefa cumprida! Objetivo alcançado!
Aqui é serieeeeeeeeeeeeeeeema gritávamos no boteco!
Aquele dia, todos fizemos questão de acharmos uma comida diferente de macarrão (eu emais alguns, fizemos questão de entrarmos forte em um sandubão completo!).

Fim de viagem no pedal
Felicidade a mil por hora!
Vencemos!
E de fato, comprovei uma das maiores lições da minha vida: “A FELICIDADE É UM MEIO E NÃO O FIM – APROVEITE O CAMINHO!”.

Comemorando em alto estilo!
Altimetria do último dia

Peço desculpas se deixei passar algum fato importante e se me delonguei demais nos textos. Mas é que fica um tanto difícil descrever todas as aventuras as quais passamos apenas em palavras.
Espero muito que essa seja a minha primeira de muitas….
P.S.: Não tem “Fatos do Dia” pq não consegui escrever nada depois que chegamos…. kkkkk (a única coisa que tenho a relatar é que o Nilsinho Braz, inexplicavelmente, tem alergia a MATO!)

Por Gustavo Johnny Bravo

Fotos de sexta:

Fotos do dia – Xtrax