Prof. Sandro a Porto Alegre – Parte II





Quando se fala em cicloviagem, o que se pensa é numa estrada infinita. Pedal girando e paisagem passando. Uma, nem sempre no mesmo ritmo da outra. Estrada, corpo, mente, bicicleta, formam uma relação “tetraigâmide” (se é que esta palavra existe). Assim como é uma corrente, todos precisam estar igualmente na mesma resistência e espessura para juntos, conseguirem se puxar. 
Se a estrada está muito sinuosa ou estragada, não há corpo que aguente. 
Se o corpo se fadiga, não há mente que se faça madura.
E se o pneu da bicicleta se fura, de que adianta ter corpo esguio, uma estrada como um tapete e a mente de um Buda? Não se chega lá. 
A sincronia desses elementos…esta sim, faz com que se atinja o objetivo maior. Seja ele qual for. 30km. 50km. Ou mesmo…pra mais de 1000! Como é o caso do nosso Professor Sandro. 
Há dias na estrada (mais precisamente, desde o dia 26 de dezembro de 2017), ouve-se relatos dela por meios eletrônicos dos mais diversos em que, muitas vezes, nos faz parecer estar ali com ele. Na labuta do pedal. 
“A superação não é uma escolha, é uma necessidade”. 
E lá foi Prof. Sandro:
“Após uma rápida parada na igreja, sigo caminho

Seguindo adiante, percebi algo bem inusitado: quanto mais pobre a região, mais quisques, barracas e currutelas se encontra. Diferentemente do que vejo por aqui. Uma região, de fato, mais rica. Infelizmente, meu tipo de transporte acaba prejudicado, visto que meus únicos pontos de apoio acabam sendo apenas grandes postos de gasolina. Acabo precisando pedalar mais sem parar em pontos de apoio, que se tornam cada vez mais rarefeitos.
Em Frutal, na divisa com MG, eis que me deparo com chuva forte. 5 da manhã, ainda a noite, prefiro segurar um pouco a ansiedade e espero um pouco mais para seguir viagem.

E seguindo viagem, recebo um brinde de colegas inusitados: o pessoal que roçava as margens da rodovia me chama para beber uma água mais que gelada. O convite foi prontamente aceito!!!
E é sempre interessante a filosofia de vida dos andarilhos que encontramos por este mundão afora:


E mutias vezes, mesmo com a ansiedade a mil, quando se termina de montar toda a tralha na bicicleta logo na hora da saída, eis que vem o “banho do água fria”: pneu murchando mais uma vez.

Mas…. por essas bandas não adianta sentar e chorar.
E o melhor de tudo, é que acabamos sempre encontrando almas caridosas bem dispostas a ajudar:

E mesmo que as espátulas já tenham pedido arrego, a gente sempre dá um jeito de fazer uma leve “adaptação” com o que se tem em mãos (leia-se: “gambiarra nossa de cada dia”)

E nesses dias, acabei por enumerar a seguinte constatação:
1) Estou cirando o “rei da subida” (até porquê, não me sobra outra alternativa);
2) Chuva o pedal inteiro!
3) Peca de pressão do pneu traseiro (não achei furo)
3.1) Acabei de trocar
4) O Pedal não rende da mesma forma do que para Belém
5) Num tem sol, n’outro, chuva
5.1) Antes havia currutelas em múltiplos de 25. Neste, não há nem barracas. Poucos postos e os múltiplos são de 50 (para não dizer 100), salvo se tiver que entrar em cidades;
5.2) Sinto certa discriminação com ciclistas quando adentro em hotéis ou lojas de conveniência
5.3) O rumo do norte parece favorecer mais contato entre seres humanos
6) Estou com um dia de “atraso”
7) Amanhã (e depois, e depois e depois!) terá ainda mais subida!
E a feição de exausto é sempre esta:

Ratificação feita nesses dias: “O que for fácil, não é real”
E estas placas são minhas sinceras amigas.

Deixo registrado que na virada do ano, consegui ainda participar de um culto na igreja.

E há grandes momentos em que eu gostaria de registrar mais. Porém, quando é chegada a parte de grandes Serras, as duas mãos precisam ficar coladas no freio a todo tempo. Acostamento duramente disputado com grandes carretas, que sempre passam com o cheiro forte dos freios de lona pegando fogo.

E vou na companhia de um amigo meu (piadinha interna…heheh)

E tem dia que, dentre tantas idades, todos os hotéis acabam cheios. Daí, o jeito é dormir abraçadinho com minha “namorada”

E se precisa de alguma coisa, vá ao Posto Ipiranga!!!

E agora, no momento em que este texto está sendo escrito pelo amigo colaborador do Seriema Pedal, estou em meio aos 200km finais da viagem, rumo a Porto Alegre. 
Até a chagada!!!”
Ah…e antes que me esqueça, vai aí um vídeo especial agradecendo uma parte da galera que tanto me ajudou: