Hoje eu chorei

Senhores,
De início, já peço desculpas se esse presente post estiver sendo um tanto “pessoal” da minha parte. Não é minha intensão. O que coloco aqui é para compartilhar aos Seriemas e amigos alguns dos sentimentos que nós, ciclistas entusiastas, sentimos vez por outra. E, caso esteja sendo muito “pessoal”, peço que me chamem a atenção.
Então… aí vai:

Sabe aqueles dias em que tudo parece estar do avesso? As dificuldades tomam proporções incalculáveis e a falta de paciência acaba te dominando mesmo com as pessoas que você mais ama? Pois é…
Bem…chegando em casa uma hora da tarde de um excelente pedal feito com uma cabeçada de companheiros pra lá de gente fina, estava eu extremamente cansado. Cansaço excessivo fruto da falta de preparo, ocasionado por algumas prioridades assumidas (diferente dos treinos) nesses últimos meses. Além disso, tem épocas que tudo parece lutar contra a nossa vontade de levar os treinos mais a sério…

Tem época que tudo parece lutar contra….

Fiquei muito grilado por não poder chegar em casa, descansar, me reidratar bem, comer uma comida boa e balanceada (e quem sabe ate uma cervejinha pra dar aquela relaxada)… 
Assim que chego, logo me vem a patroa dizendo que está passando mal. Resultado: eu morto, tive que cuidar do filhote que estava com o tanque cheio de energia. Ajeitei nosso almoço, mediquei a patroa e fui brincar com meu rapaz. Enquanto fazia tudo isso, remoí muito sobre a falta de estrutura que atletas amadores como eu, que tentam levar o esporte um pouco mais a sério do que as pessoas “normais” levam… Familia/trabalho/amigos(cachaceiros)/responsabilidades/etc…fazem com que a gente tenha um pouco mais de dificuldade de se dedicar ao esporte em si…. Fui alimentando essa minha raiva ao longo da tarde….
Ao final do dia, fomos nos encontrar com uma amiga e a filha dela em um shopping para vermos o stand das “Aventuras do Doki” (quem tem filho pequeno sabe do que estou falando).
Ainda com um tanto de falta de energia e paciência, fomos os três para o local. 
Chegando lá é que aconteceu toda a surpresa. Deparei-me com um stand montando pela Caixa Econômica Federal, com cadeiras de rodas, bolas com “guizos”(para futebol de deficientes visuais) e outros instrumentos utilizados por atletas com necessidades especiais nas últimas olimpíadas. 
O stand era fantástico e permitia a total interatividade entre as crianças e os instrumentos. 

Stand interativo mostrando às crianças como é o esporte para-olímpico

Ao lado dele, estavam expostas diversas fotografias, registrando momentos magníficos dos atletas com necessidades especiais. As fotografias conseguiram traduzir o que posso resumir uma única palavra: “superação”. 

Posso dizer que nesse momento, fiquei embriagado por uma emoção quase incontrolável. Senti como se estivéssemos só eu e aqueles atletas em uma sala fechada, isolados do mundo. E em determinado momento, era como se todos olhassem para mim e balançassem a cabeça em um tom de total desaprovação, me questionando: “afinal de contas, o que significa dificuldade?”
Peço licença aos amigos para dizer que no caminho de casa, agradeci “Papai do Céu” (ou a qualquer outra força maior que nos rege) pela lição do dia.
Amanhã, com certeza, será muito mais fácil acordar pra treinar.
P.s. Eu não chorei de verdade, o título foi força de expressão…(É só assim pro povo ler esses textos melosos…rsrsrs)


Por Gustavo Johnny Bravo (Mudinho)

Em memória do falecido atleta para-olímpico que tive a honra de pedalar junto por algumas vezes: João Schwinn